(Portrait de Gustave Geffroy-1895- Paul Cézanne)
Boa noite meu amor.
Não sei se gostaria de lhe escrever esta carta. E nem sei por onde começá-la. São tantas coisas a serem ditas e tantas a serem não ditas que me perco entre umas e outras.
Saber daquilo que te ocupa os dias e as noites me consola sua ausência permanente. Saber que te ocupas em pensar em mim não menos do que me ocupo em pensar em ti já é um sinal de amor. Entretanto a vida não se ocupou de nós. Deixou-nos à margem de nós mesmos. Separados. Deixou-nos à margem daquilo que, por ventura, teria sido uma grande história de amor, amizade e cumplicidade.
Mas sobrevivemos bem ao adverso de nossos desejos. Nossos destinos descruzaram. Já não seria tempo de procurar os obstáculos que enfrentamos por aqueles tempos. Porém nunca me seria tarde desvendar os mistérios que envolveram nosso amor. Jamais me vergarei diante do vento que tem soprado contrário aos nossos caminhos, pois o passear das suas mãos por meu corpo, a delicadeza de suas palavras soando nos meus ouvidos, a alegria de suas histórias estará sempre à flor da minha pele. Posso senti-las todas as vezes que penso em ti.
Atualmente nunca estivemos tão perto um do outro. Agora basta eu esticar meus braços e tocar você. Entretanto, agora basta eu me aproximar para sentir uma outra distância. Nunca estivemos tão próximos e tão separados.
No meio desse tempo, perdidos de nós, há várias histórias com personagens diferentes. E todos entrelaçados a nós.
Por outro lado não me eximo das escolhas feitas num tempo de desesperos quando procuramos um ao outro e nos encontramos tão sem rumos. Já havíamos nos abandonados. Nós nos abandonamos. Culpar o destino é tirar de nós a responsabilidade do desencontro.
Ainda espero, assim como nos adverte a matemática, que as paralelas e os extremos se encontrem. Um dia.
Estou tão perto de você. Olhe ao lado sem medo de me tocar.
Assina esta carta: seu grande amor.
19/08/2017
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