segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Postagem do Facebook, "MANHA DO DIA 20 DE OUTUBRO DE 2022"
domingo, 23 de outubro de 2022
Postagem do Facebook, 23/10/2022
Mário Campos, domingo, 23 de outubro de 2022
Boa noite para você daí e
bom dia para nós daqui
Estou com muitas saudades de vocês. Ainda ontem sua Tia descobriu as folhas que você escreveu pra mim. “Vovó é bufufuda”.
Há um mês vocês se foram para longe de nós e daqui alguns dias você fará sete anos.
Lembro do dia do seu nascimento. Por acaso do destino aquele dia foi meu último plantão antes da minha aposentadoria. Eu estava feliz demais com sua chegada. Quando você me viu pela primeira vez, foi logo abrindo os olhinhos e pude ver que eles tinham a mesma cor que os meus. Estava feita nossa apresentação. Depois foi só alegrias com nosso convívio.
Agora você está tão longe e eu estou com muitas saudades. Mas feliz por saber que estão descobrindo um país belo, com oportunidades iguais, que está conhecendo novos amigos e aprendendo muitas coisas legais.
Mas aqui no Brasil as coisas não estão legais. O presidente do país não ajudou o povo durante a pandemia, ele debochou dos doentes sem ar para respirar, ele não gosta das pessoas pobres, não cuida das pessoas e agride todo mundo que não gosta dele. Aqui a comida está muito cara e várias famílias compram ossos nos açougues e catam restos de comidas nos lixos.
Meu netinho, estamos muito tristes com toda essa situação. Sei que você compreende o que estou falando pois acompanhei bem de perto a educação que seus pais lhe deram. Sei também que você sabe que o motivo de terem ido embora do Brasil foi tudo isto que está acontecendo conosco. Ai sua mãe fará um excelente curso e seu pai conseguirá um bom emprego. Eu continuarei chorando de saudades mas lutando por aquilo que acredito. E eu acredito na vitória do ex- presidente Lula no próximo dia 30. Será seu presente de aniversário adiantado.
Fiquei sabendo sobre sua escola e de tudo de legal que ela tem. Achei muito engraçado os nomes dos parques daí. Aproveite bastante. Faça muitos amigos e os convide para conhecer o Brasil, nossas belezas naturais e nosso povo alegre.
Coloque a toalha do Lula na janela do seu quarto, tire uma foto e envie para mim. Ok?
Eu te amo muito e não sou bufufuda!!! Porque bufufuda é a sua avó, mãe do seu pai.
Muitos abraços e beijos para você, sua mamãe e seu papai.
Sua vovó Zarinha Rivelli
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
Postagens do Facebook - 17/10/2022
Sobre galinhas e rachadinhas
Enquanto médica e psiquiatra não poderia deixar de apontar a atuação do ex-presidente Lula, ontem, no debate da TV Bandeirantes.
Lula demonstrou, mais uma vez, sua humanidade ao não ficar impassível mediante as provocações e ao escárnio dirigidas a ele pelo outro candidato. Lula ficou nervoso e inquieto ao lado do seu adversário.
Por outro lado, Bolsonaro sendo um sujeito débil com todas as características que tal adjetivo lhe confere, manteve-se em posição militar com seus risinhos estapafúrdios. Bolsonaro é portador de poucas palavras e de muita ignorância, é portador de instintos animalescos como a zoofilia e a pedofilia (como ele próprio declarou), é portador de tantas outras atitudes inadequadas ao ser humano e, ainda mais, ao cargo que ocupa. Portanto só lhe restam a fala desajeitada, o corpo enrijecido, a falta de expressões faciais, o amor às mentiras, ou seja, a mitomania.
Lamentável e compreensível que tais disparates lhe tragam tantos seguidores por aquilo que chamamos de identificação ao líder.
Finalizando quero deixar claro que estarei sempre ao lado daquele que luta por justiça social, pela soberania do país, ao lado daquele que busca educação de qualidade para todos, ao lado daquele que implantou o SUS enquanto o maior programa político gratuito de saúde do planeta e por tantos outros feitos...
Eu sou LULA.
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
Crônica: Nome de Santa Madroeira
Brás Pires, meu amor, 7 de outubro de 2022
A casa, sempre refeita nova, me acolheu mais uma vez com a mesma delicadeza de outras chegadas.
A tarde estava suave e fresca. Meu olhar foi convocado até a enorme janela do quarto que me foi oferecido na casa. Em poucos minutos a noite iria engolir o dia. Naquele exato momento meu coração disparou. - Nessas horas preciso escrever - Prontamente minha cunhada atendeu ao meu pedido me trazendo folhas em branco. Não poderia perder a inspiração.
Apaguei as luzes do quarto. Queria ver a escuridão.
Lá embaixo o campo de futebol do Independência. A grama estaria verdejante pela bênção das primeiras chuvas. Mais adiante o Rio Xopotó serpenteando duas extensões de terra revoltas. À tarde eu havia ficado ali, observando o trabalho dos agricultores com seus tratores que mais pareciam marujos navegando e singrando a terra com seu vermelho.
Quando a escuridão tomou conta de tudo, debrucei no peitoril da janela. Nem fora preciso fechar os olhos. Inspirei fundo e deixei o aroma da noite penetrar dentro de mim. Cheiro de terra molhada revolta, cheiro de grama e outros cheiros inebriantes de mata no entorno.
Talvez um vinho tinto colorisse a noite. Talvez a noite me deixasse penetrar nos seus segredos mais íntimos e escandalosos.
Bendita noite que me deixou ver algumas luzes do outro lado do Rio. Lá estava a charmosa Várzea, uma extensa região plana, acima da serpente d'água. Havia ido lá pela manhã. Deparei com flores na porta de entrada e, dentro da casa, uma mulher guerreira que não havia sucumbido aos acasos que a vida lhe trouxera. E ganhei abraços.
Voltei para minha janela e olhei à minha direita. Um muro que à tarde havia sido palco das lagartixas imóveis ao sol esperando pelos distraídos insetos.
À minha esquerda, na escuridão da noite, vejo cenas da amiga de infância numa cadeira de rodas. Adoeceu bem pequenina e não andou mais. Tinha nome de anjo. Muitas vezes eu saía de casa para brincarmos juntas. Amava aquele percurso. Será que foi numa dessas vezes que teria encontrado o Leite, mais uma vez, bêbado e esbravejando sobre a ponte de braúnas enegrecidas? Não lembro o que fiz. Certamente havia pensado que morreria naquele momento.
Ainda na janela continuava a sentir o cheiro da terra remexida que remexia meu coração. Para onde teriam ido aqueles amores?
De repente as curvas do meu Rio dos Cipós Amarelos trouxe de volta as dores concretas até então trancadas dentro de mim. Cortou-me na carne as lembranças daquelas duas mortes.
A morte de adolescente deveria ser proibida. É estupidez. Assim como a morte de pais jovens que deixam filhos órfãos.
Duas mortes ali bem perto de mim. E elas me amadureceram antes do tempo.
E, nesses dias de festas à madroeira, Nossa Senhora do Rosário, me rendi às tradições. Saí pela pequena cidade revisitando meu passado. Reconheci cheiros do passado. Ouvi palavras do passado. Abracei meu passado. Fazia-se preciso reviver meu passado para entender meu agora.
Nessa noite de aromas molhados me encontrei no meu nome de santa:
Agradecimentos:
Nilza Maria Teixeira Nogueira
Maria da Glória Rivelli de Oliveira.