Nada justifica minha não ida à belíssima Praça Raul Soares, em Belo Horizonte, senão um constante boicote meu. Desde as aprovações, nas surdinas noturnas, da Câmara Federal da PEC das Blindagens/ bandidagem e da Anistia, tenho estado à flor da pele. Inimaginável o que os representantes do povo brasileiro fizeram para continuar legislando em causa própria. Defendendo o indefensável.
Numa noite nossos representantes, deputados federais, “o pior congresso federal de todos os tempos” aprovaram projetos de emendas constitucionais (PEC) que os eximem de quaisquer crimes e, noutra noite, aprovaram projetos de anistia.
Nos Estados Unidos, um destes “nossos representantes federais”, nosso Silvério dos Reis atual, trabalha diuturnamente contra o Brasil, trazendo enormes problemas nas relações diplomáticas e econômicas. Ele mente, cria “fake news”, faz terríveis ameaças e chora ao vivo, lágrimas de crocodilo.
Ontem chegou meu presente, uma camisa do Braspirense , time de futebol da minha querida terrinha natal, Brás Pires. Nas cores do Brasil, com a letra B bordada em negrito e, nas costas, meu sobrenome, RIVELLI com o número 13 abaixo. Seria com esta camisa que estaria entre os vários amigos, na contagiante alegria compartilhada, com chapéu de palha, bebendo muita água sobre o escaldante sol da capital mineira e cheia de emoções.
Pulei cedo da cama. Ainda muito indecisa à mesa do meu café da manhã. Nada justificaria eu não estar lá. Mesmo a distância que percorreria, sozinha no meu carro, até lá. Agora, assistindo a alegria da concentração em Salvador, digo a mim que não me perdoarei.
“Com fascista não se discute”, escuto um dos jornalistas dizer.
Da diretora de Faculdade de Medicina da Bahia, escuto “Não basta formar médicos, é preciso muito mais do que só formar médicos” e regozijo-me com a certeza de ter sido uma profissional médica “muito mais do que só isto”.
“Eles destruíram a sede dos três poderes, vamos anistiar? Vejamos o que Trump está fazendo nos Estados Unidos cerceando os trabalhos jornalísticos", escuto do excelente cidadão José Dirceu.
Sob o pretexto da distância até a capital, sob o pretexto de ter que cuidar do meu quintal com novas mudas de embaúbas, pau-mulato e mais uma tamareira, além do meu jardim que a seca tem deixado abalado, não fui lá. Agora, fico aqui à frente da tela de meu notebook, assistindo às entrevistas de várias pessoas por todo país.
“Nós estamos vivendo momento de virada...” afirma de forma feliz a nossa grande Hidelgard Angel.
Nem a minha lesão grave lesão de pele seria um impedimento para eu estar no meio da multidão, bastaria muito filtro solar, blusas especiais e o meu novo e elegante chapéu de palha. Mas não fui lá.
Uma amiga envia fotos dela com a familia na manisfestação e com filha grávida, no lindo barrigão de fora se lê "Palestina livre". Outra amiga avisa que está a caminho de lá com os amigos visitantes paraenses.
Agora haja arrependimento. Em função do meu arrependimento, da minha “boa inveja” do povo na praça, decidi que não farei almoço. Estou demais emocionada para estar com a barriga ora grudada na pia, ora grudada no fogão, vou comer só pão. Só quero curtir este dia histórico. Dia da árvore. Hoje estamos plantando árvores por todo o Brasil, árvores, fantásticas árvores que nos darão deliciosos frutos.
Manhã do dia 21 de setembro de 2025
Fotografias: feitas ainda agorinha por minhas filhas.
Observação: favor colocarem o nome no final do comentário caso queriam fazê-lo. Obrigada
ResponderExcluirLi, reli e vou ler de novo sua crônica perfeita, Rivelli, sobre o que estamos vivendo neste momento importante e histórico do nosso país. Raquel Perini
Obrigada linda Raquel. Saudades das nossas escritas.
ResponderExcluirTotalmente de acordo! Eu também fiz planos de estar lá nas ruas, mas vi que não conseguiria. Uma amiga muito querida virá passar a tarde aqui comigo… Ela e eu não temos nos encontrado ultimamente. Resolvi que eu tinha que preparar-me para recebe-la. No entanto, puxei minha filha Laura para a rua. Ela não ia… A turma enorme com a qual ela sai por todas as ruas de BH não se tocou que era necessário se posicionar agora. Eu lhe disse que a juventude necessitava lutar por decência política, pois do contrário ela perderia outras chances de viver a vida como ela gosta de fazer… Bommm. Ela convocou uma das amigas mais politizada e foram as duas! Pelo menos eu consegui esse feito para aliviar um pouco o meu desassossego por não estar lá!
ResponderExcluirMaria Amélia (EBP)