quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

CONTO INFANTIL 3:  NOME ESQUISITO PRA CACHORRO

Ilustração: Douglas Souza Soares


Clarinha morava no terceiro andar daquele prédio de nome bonito: Vitória. Não gostava de levantar cedo e isto deixava a mãe dela muito preocupada pois sabia que o melhor para a saúde seria deitar cedo e levantar cedo também. Mas Clarinha nunca conseguia sair da cama antes das dez horas da manhã.

   Até que um dia, depois de muitas brigas entre elas, a mãe entendera que o tal relógio biológico da filha era diferente dos outros e foi deixando a menina dormir. Então ficou surpresa quando percebeu a mudança do humor de Clarinha. Ela tornou-se mais alegre, mais responsável com seus deveres e ficou mais junto da família. Entretanto fora muito difícil chegarem até esse ponto de harmonia.

   Um dia a filha que chegava em casa depois das aulas chamara a mãe pelo interfone e perguntara:

   -Mãe um cachorrinho me seguiu na rua. Posso trazer água e ração para ele?

   Dona  Zara, já entendendo o querer da filha, foi logo avisando que não queira mais um cachorro dentro daquele tão pequenino apartamento. Mas permitiu que levasse água e ração até o portão. "Mas lá fora."

   Dai a pouco chega Clarinha com um cachorrinho com poucos dias de nascido, com a barriga estufada e cheia de vermes. Muito sujo e esfomeado. A mãe querendo ficar brava e já apaixonada pelo filhotinho foi logo providenciando banho e remédios para vermes. Esquentou bastante água. Pegou shampoo da Belinha, a velha e amada cachorrinha da filha. Colocou o filhote dentro do tanque. Começou a lavação. E não parava de sair sujeira.

   Todos já queriam brincar com o mais novo visitante da casa.

   -Vem cá, Clarinha!

   Era Dona Zara querendo saber de Clarinha sobre o animalzinho.

   -Olha mãe, na verdade, tinha um moço mexendo nos lixos do prédio com um cachorrinho amarrado junto dele. Quando passei olhei para o bichinho que também olhou para mim. Continuei  e quando fui abrir o portão, ele estava atrás de mim. Não atinha nem forças para latir...

   -E o tal moço?  

   Perguntou sua mãe.

   - Ele me olhou e continuou a remexer no lixo. Quando cheguei cá dentro, perto da porta de vidro, o cachorrinho estava nos meus pés. Acho que o moço soltou as amarras dele de propósito.  
  
   E dona Zara não sabia o que dizer. Ficou calada.

   Quando a irmã mais nova chegou da escola foi logo criticando a atitude de Clarinha e falou, e falou... Entretanto depois que Clarinha voltou para sua escola, a mãe percebeu que Lalinha já estava com o cachorrinho nos seus braços. E tirou muitas fotos dele com a Belinha e dele sonecando encostado ao seu corpo. Acho que ele queria uma casa.

   A mãe não gostara do nome escolhido e dizia-o pela metade. Ela cismou com aquele nome de outra língua. Achava que o nome tinha um significado que não seria adequado ao cachorrinho.

   Entretanto aquela mulher, como toda mãe, cuidou dele com muito carinho. Mas ele cresceu logo e já não podia ficar dentro do apartamento. O que fazer ? Nem Clarinha nem a irmã queriam ficar sem ele. Depois de muito pensarem ficou decidido que ele seria doado. Com cartão de vacinas em dia o cachorrinho fora levado para uma feira de adoção. As meninas voltaram tristes para casa.

   Após alguns dias a moça responsável por tal feira telefonou e disse que o animalzinho fora adotado e estava morando num sítio bem próximo. Disse também que a mulher que o adotou mandou dizer que aceitaria visitas das meninas quando elas sentissem saudades e até mandou endereço e número do telefone.

   E as meninas, que já sentiam muitas saudades, quiseram ir lá. Dona Zara também quis ir.

  Marcaram o dia, compraram biscoitos de cachorro e lá se foram as três.

   Era um sítio pequeno mas muito bem cuidado e muito bonito. Os cachorros vieram logo receber as visitas e foi uma grande alegria ao verem que eles já eram amigos e brincavam o tempo todo.

   Dona Martinha já tinha a Duquesa e o Neguinho mas achou que tava na hora de adotar um outro cachorrinho. Então, nos segredara ela, ao chegar na feira, vira aquele cachorrinho cumprido e avermelhado, a olhar para ela. Foi paixão a primeira vista, brincou a mulher. Pegou o cartão com os dados dele e voltara pra o sitio conversando com o animalzinho.

  Ela também nos dissera que Duquesa, a cachorra mais velha, fora logo adotando o filhote como se fosse seu e Neguinho cuidou dele como um pai. Estava formada a família canina de Dona Martinha. 

   Foi então que ela perguntou porque fora escolhido aquele nome tão diferente. As meninas riram entre si e disseram que gostaram do nome. E Dona Martinha que era professora de literatura aposentada e grande estudiosa das línguas, lhes falou:

  -Ele só poderia ter este nome mesmo pois ele é muito esperto, adora correr e pular pelo terreiro em disparadas. É inteligente e muito amigo. E DEXTER é um nome que veio do latim e significa " aquele que é hábil e sábio".

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