UM AMOR
Nos 15 anos de Helena ele chegou. Ofereceu seu amor mas ela não o quis. Aos vinte anos, quando Helena o desejou, ele se foi. Entretanto continuaram se amando, em outros corpos, por toda a vida.
UM CACHORRO
Tigre jamais aceitou que outras mãos lhe dessem o alimento. Quando seu dono virou moço e saiu de casa para trabalhar, ele morreu de tristeza, ou de fome?
UM AMOR DE OUTRO CACHORRO
Ele chegou ressabiado. Namorou o espaço, calculou o tempo, entrou e ficou. Hoje, envelhecido, ele esquenta ao sol enquanto namora o voo dos pássaros e aguarda o tempo que lhe resta.
30/09/2019 FUNIL
segunda-feira, 30 de setembro de 2019
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
Desandança
Da lua cheia eu sei
que está pensando em nós
Uma saudade imensa
de tudo que não foi dito
Olha a lua mansa a se derramar
seu nome já me soa estrangeiro
Por onde for
ainda quero ser seu par
Meu namorado é rei
e governa meu coração
Mas só a dor me ensina
a viver sem pensar
E me diz onde vou chegar
vagando em versos eu vim
E essa Terra encerra meu bem querer
vestido de cetim
Jamais termina meu bem querer
que está pensando em nós
Uma saudade imensa
de tudo que não foi dito
Olha a lua mansa a se derramar
seu nome já me soa estrangeiro
Por onde for
ainda quero ser seu par
Meu namorado é rei
e governa meu coração
Mas só a dor me ensina
a viver sem pensar
E me diz onde vou chegar
vagando em versos eu vim
E essa Terra encerra meu bem querer
vestido de cetim
Jamais termina meu bem querer
terça-feira, 24 de setembro de 2019
JALAPÃO II: "ARROCHA O BURITI" (*)
Pedra Furada vista da estrada.
Acordamos bem cedo na manhã seguinte e descemos com nossas bagagens para o hall do hotel. Logo em frente estacionou um carro marca Toyota, modelo 4x4, branca, plotado nas laterais com o nome SAFARI DOURADO. Minha filha observou a pontualidade do motorista tão logo este se apresentou. Ele acomodou as cinco mulheres, nossas malas, nossas mochilas e nossas ansiedades.
Lá vamos nós. Óculos escuros, roupas leves conforme sugerido, chapéus ou viseiras, nada de cremes hidratantes, repelentes e ou bloqueadores solar. No carro tínhamos água gelada a vontade e frutas frescas. Nosso guia-motorista falava pouco, mas respondia nossas perguntas e essas eram muitas. Eu queria saber da geografia do local, da hidrografia, nomes das arvores, das flores, quais pássaros habitavam o local, quais bichos viviam por ali. E ele, calmamente, respondia a tudo.
Fui observando, ao longo da expedição, que apesar do trabalho árduo dos guias, havia uma ligação de afeto com toda a vida da região.
Paramos algumas vezes para as necessidades fisiológicas, para um descanso, para conhecer uma serra ou uma pedra famosa ao longo do caminho. E toda a estrada estava sobre enormes bancos de areia. Durante várias horas nenhum outro carro em sentido contrário. Nenhuma pessoa andava por ali. Éramos apenas nós, quatro carros Toyota, modelo 4x4 e um bando de turistas ávidas pelo Jalapão. Eu era a mais velha do grupo. Assim começaram a me chamar, carinhosamente, de Tia Maria. Estávamos no meio daquele mundão de terrenos arenosos e árvores retorcidas, ali estava o cerrado.
Não sei em que ordem ou desordem devo descrever nossas aventuras, entretanto tentarei falar daquilo que ouvi, que deixei de ouvir, do que vi e, sobretudo, do que senti por todos aqueles dias. Sei que não queria perder nenhum detalhe da viagem e meus olhos iam de lado ao outro do carro como se fosse possível ver tudo.
A cinquenta quilômetros de Palmas passamos por Porto Nacional, cidade do século XIX, “Capital Cultural de Tocantins” e capital estadual do agronegócio. Ela está a 212 metros de altitude em relação ao mar (calor médio de 39 graus). Lembrei-me da minha amiga dizendo, com muita gratidão, que “Porto Nacional é o berço cultural de Tocantins”. Depois deixamos o asfalto e entramos nas estradas de terra e areia.
Mais cem quilômetros e chegamos a Ponte Alta do Tocantins, pequena cidade, onde meus olhos sorriram ao verem duas placas. Numa delas li Faculdade de Gestão Fazendária e na outra, escrita num talude gramado e em letras grandes, PORTAL DO JALAPÃO. Agora estávamos entrando no nosso destino e nosso primeiro mergulho seria na Lagoa do Japonês. Mesmo ainda acanhada diante da moçada, dos guias e de toda aquela gente, decidi entrar e nadar. Um espetáculo da natureza.
As águas azuis-esverdeadas transparentes, sua calmaria e seu frescor foram os fatores que me levaram a aventurar um mergulho. Então não parei mais de nadar e mergulhar até minha próxima aventura: uma tirolesa por sobre toda a extensão da lagoa descendo por um penhasco de pedras, árvores e águas. Tudo aquilo alinhado num abraço inimaginável. Será que terei coragem?
E para lá subimos, eu, minha filha e outras corajosas mulheres. Quase sem fôlego chegamos finalmente à pequena plataforma de madeira para nos amarrarem com cintos e cordas de segurança além do indispensável capacete. Minha filha quase desistiu, mas foi. Chegou a minha vez. “Eu não vou mais. Amarelei” disse ao instrutor que me encorajava dizendo "desce até na ponta". Eu desci. Olhei para baixo e já não dava mais tempo para voltar atrás. Ai meu Deus. Lá fui eu. Segurei firme e, nos vinte segundos da estonteante descida, abri os braços, voei e gritei por duas vezes: “LULALIVRE”. Então me livrei do fantasma da inibição.
Mais tarde rumamos para outros destinos. De novo faço viagens maravilhosas tanto para fora de mim quanto para dentro da minha alma.
De um determinado ponto da estrada pude ver uma enorme rocha cujos contornos me fizeram lembrar o bisão americano e, de acordo com a proximidade, já pareceu um elefante conforme me mostrou o guia. Chegamos até aquele animal. Era a famosa Pedra Furada - “um gigantesco conjunto de blocos areníticos esculpidos pelos ventos há milhões de anos”. (**). À medida que o sol ia se pondo, os raios vão mudando as tonalidades das cores do arenito e formando um espetáculo de se ver.
As meninas voltaram extasiadas com a beleza do fenômeno e, obviamente, fizeram várias fotos delas no local.
Não fui até lá, pois fomos alertados de que havia alguns enxames das danadas abelhas africanas instaladas recentemente na redondeza da Pedra. Contudo se não fui assistir ao encanto do pôr do sol na Pedra Furada, ganhei com a presença de um pássaro que, escondido nas árvores, entoou seu canto só para mim.
Até a próxima parada.
(*) Expressão muito usada no Jalapão que, segundo me disse a linda amiga que fora comigo e minha filha, significa “mete bronca”, “vamos ver”.
(**) https://turismo.to.gov.br/regioes-turisticas/encantos-do-jalapao/principais-atrativos/ponte-alta-do-tocantins/).
E para lá subimos, eu, minha filha e outras corajosas mulheres. Quase sem fôlego chegamos finalmente à pequena plataforma de madeira para nos amarrarem com cintos e cordas de segurança além do indispensável capacete. Minha filha quase desistiu, mas foi. Chegou a minha vez. “Eu não vou mais. Amarelei” disse ao instrutor que me encorajava dizendo "desce até na ponta". Eu desci. Olhei para baixo e já não dava mais tempo para voltar atrás. Ai meu Deus. Lá fui eu. Segurei firme e, nos vinte segundos da estonteante descida, abri os braços, voei e gritei por duas vezes: “LULALIVRE”. Então me livrei do fantasma da inibição.
Mais tarde rumamos para outros destinos. De novo faço viagens maravilhosas tanto para fora de mim quanto para dentro da minha alma.
De um determinado ponto da estrada pude ver uma enorme rocha cujos contornos me fizeram lembrar o bisão americano e, de acordo com a proximidade, já pareceu um elefante conforme me mostrou o guia. Chegamos até aquele animal. Era a famosa Pedra Furada - “um gigantesco conjunto de blocos areníticos esculpidos pelos ventos há milhões de anos”. (**). À medida que o sol ia se pondo, os raios vão mudando as tonalidades das cores do arenito e formando um espetáculo de se ver.
As meninas voltaram extasiadas com a beleza do fenômeno e, obviamente, fizeram várias fotos delas no local.
Não fui até lá, pois fomos alertados de que havia alguns enxames das danadas abelhas africanas instaladas recentemente na redondeza da Pedra. Contudo se não fui assistir ao encanto do pôr do sol na Pedra Furada, ganhei com a presença de um pássaro que, escondido nas árvores, entoou seu canto só para mim.
Até a próxima parada.
(*) Expressão muito usada no Jalapão que, segundo me disse a linda amiga que fora comigo e minha filha, significa “mete bronca”, “vamos ver”.
(**) https://turismo.to.gov.br/regioes-turisticas/encantos-do-jalapao/principais-atrativos/ponte-alta-do-tocantins/).
Lagoa do Japonês
Arara do Cerrado
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
JALAPÃO I: Palmas

Pois bem, há muitos anos ouço falar do Jalapão. Não há tanto
tempo ouço falar do capim dourado. Não sabia da existência dos fervedouros nem
das comunidades quilombolas naquelas terras. E jamais havia pensado nas vidas
dos “jalapoeiros”. Ou seja, muitas novidades para meu mundo de conforto em
torno da minha tão querida Belo Horizonte.
Então, sentindo em dívida com minha primeira filha, resolvi
propor uma viagem dentro do Brasil. Sugeri três destinos e ela escolheu o
Jalapão. Com minha idade um tanto já avançada, seria a hora de fazer este
passeio. Mais tarde talvez seja impossível. E o Jalapão era meu favorito.
Ganhamos na escolha.
Obviamente que, com a minha costumeira preguiça e a total
falta de jeito com a informática, deixei por conta dela todos os detalhes da
viagem. Era meu presente do seu aniversário, dia 12 de setembro.
Passagens aéreas compradas, hotel reservado, roteiros
turísticos de acordo com a agência escolhida, uma pequena mala com
roupas leves, calçados adequados, chapéus e lá fomos nós três: eu, minha filha
e uma jovem amiga dela.
Voamos para Palmas numa escala de três horas em Goiânia,
cidade que eu não conhecia. Resolvemos sair do aeroporto e passear na cidade. Ficamos
entre dois locais: Mercado Central ou Mercado Municipal. Escolhemos, sem
quaisquer critérios, o Mercado Central onde poderíamos almoçar. Porém, para
minha surpresa, bem defronte ao dito mercado havia uma placa gigante
“Estacionamento Mercado Central” e, ao descermos conforme orientou o motorista
do Uber, li no alto do prédio do mercado outra placa “Mercado Municipal de
Goiânia”. Nestas horas vem meu lado obsessivo acompanhado da minha chatice e eu
interrogo: é Mercado Central ou Municipal? Seja um ou outro não tem a menor
importância.
Entramos saltitantes e ficamos andando pelos corredores
procurando souvenires, doces, cachaças e outros produtos regionais. De repente
meus olhos são convocados a olharem para uma banca de calçados “genéricos”,
como bem disse minha filha, onde deparei com aqueles emborrachados de andar
dentro de piscinas, rios e cachoeiras. Havia, há algum tempo, procurado em BH
um deles para presentear uma colega da hidroginástica. Não os encontrei. Agora,
que não posso carrega-los, eis que me aparecem bem ao alcance das mãos.
Continuamos nossa “via-crucis” pelos corredores quentes
daquele mercado até nos depararmos com os restaurantes onde garçons convidavam as
três turistas, apresentando cardápios variados e a gosto. Entretanto o calor nos
encaminhou para um lanche modesto. Optamos por sucos naturais e empadas. Como
apaixonada por elas, escolhi aquela de frango com guariroba – “é um palmito amargo do
cerrado”- nos respondeu o jovem empregado. Mas, na primeira mordida, veio a
decepção. Não era da massa podre, minha predileta. “É massa goiania” informou
novamente o moço. Acabei adorando a tal massa. Estava tudo delicioso.
Ali comprei apenas duas pequenas lembranças para o filho e a
filha que não vieram. E Goiânia não poderia ficar esquecida. Nunca havia pensado
em conhecer esta capital. Agora veio a vontade.
De volta ao avião não encontrei lugar para minha mala. Os
espaços acima das nossas poltronas estavam ocupados por mochilas e bolsas de
mão que deveriam estar sob as poltronas conforme orientação das comissárias.
Pedi a uma delas que me ajudasse e ela, simplesmente, me disse “lá nos fundos
ainda tem lugar” declinando de suas próprias orientações e de seu dever. Nada
contra “os fundos”, mas tudo contra o nonsense
e os abusos destes passageiros. Pensei noutras posições destas pessoas,
entretanto não quero falar disto aqui.
Chegamos a Palmas. Esta cidade eu sempre quis conhecer! Já
no percurso entre o aeroporto e nosso hotel foi possível ver a grandeza da
construção da capital de Tocantins. Traçados amplos, avenidas arborizadas com a
vegetação típica da região, trânsito tranquilo, edifícios modernos, construções
baixas e lindas. E, embora a temperatura estivesse em 38 graus, às 17:30 horas,
a sensação térmica era bem inferior.
Logo que nos acomodamos, entrei em contato com a colega
pediatra, moradora dali a quase vinte anos. Havíamos conversado no encontro de
trinta e cinco anos de formados da turma de medicina UFJF/1981, em Juiz de
Fora. Embora seu nome também inicie com “Maria”, ela não havia feito os
primeiros semestres da terrível anatomia com o grupo das outras quatro Marias.
Não sei o que houve na época. Mas jamais poderia esquecer suas risadas, a
gravidez ainda no início do curso e o grande amor de sua vida, de quem falava
com muita paixão.
Combinamos local e hora. Ela apareceu lá, acompanhada de sua
paixão e de sua risada, no Bar Dona Maria Beach, na belíssima Praia da Graciosa
onde todas as Marias nos sentimos em casa. Um drink regional e petiscos à moda
do local. Falamos e rimos como duas adolescentes
em época de acadêmicas.
Escutar sua história, enquanto profissional médica, nos últimos
trinta e oito anos, foi um prazer. Mais uma de nós que dedicou à Saúde Pública
conforme nos foram confiados os ensinamentos da Faculdade de Medicina ainda nos
anos sombrios da ditadura no Brasil.
Não pude deixar de observar o amor com o qual ela falou do
estado de Tocantis. Contou que o norte de Goiás sempre fora a ferida aberta que
nenhum governo queria cuidar até que optaram por deixá-lo à própria sorte. (vou
querer conhecer esta história tão recente de nosso país). Após a sua criação, o
jovem estado do Tocantins, desenvolveu rapidamente, despontando com sua cultura
nascida na cidade de Porto Nacional, bem ao lado, com seu povo alegre e sua
riquíssima história.
Combinamos novo encontro na volta da expedição. O casal nos
levou até o hotel.
Agora vamos dormir porque amanhã tem o cerrado e as águas do
Jalapão.
domingo, 8 de setembro de 2019
Nós, o ar e o Lula Livres
Lembro lá em 2002 a festa que foi em casa e não entendia bem o porquê.
Hoje, com todo esse circo que está armado no Brasil, consigo ver claramente que a felicidade dessa mulher maravilhosa ao meu lado na foto não era por ela, e sim porque o povo brasileiro ia ter um pingo de esperança e dignidade.
A vergonha do governo é enorme, mas o orgulho de ter crescido e aprendido com uma pessoa honesta, íntegra e trabalhadora é MUITO maior.
Obrigada mãe, por ter me ensinado e proporcionado tudo que levamos pra luta hoje, ela só está começando.
Teve Lula Livre no show do Alceu Valença no Inhotim e a galera correspondeu demais, foi lindo!
Eulália, 08/09/2019
OBSERVAÇÃO: ontem, dia 7 de Setembro, minha filha, Eulália, e eu tivemos uma experiência bem singular. Estivemos no Inhotim, Brumadinho, MG, assistindo a apresentação do Orquestra Ouro Preto, sob a regência do maestro Rodrigo Toffolo, com Alceu Valença quando ao final, durante a canção Anunciação, minha filha levantou a faixa LULALIVRE, começou a cantar e a dançar. Obviamente a mãe orgulhosa ficou filmando e não viu a repercussão do ato. Várias pessoas também a filmaram e, à saída nos jardins, algumas pessoas pediram para que fossem fotografadas com ela e sua faixa.
Queremos nosso país de volta. Nossa soberania e nossa alegria.
Maria do Rosário Nogueira Rivelli
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
UM SONHO.
Ele descia a rua com seu passo dançante. Não vi se naquele dia ele trazia a costumeira marmita de alumínio envolta num branquíssimo pano de prato. Reparei que seus cabelos estavam bem penteados, com as ondulações escurecidas e brilhantes do tonalizante masculino da época, o famoso "Grecin". Suas roupas eram adequadas, comuns. Reparei também que chegava sozinho. Provavelmente vinha do trabalho senão estaria de braços dados com a esposa.
O que chamava a atenção
era seu sorriso de mansidão ao cumprimentar os vizinhos. Ele descia a rua. E a
rua parava para vê-lo passar. Será que trabalhava na mineração?
Era um homem como outro
qualquer. Tinha sua casa como todas as outras da rua. O capricho ficava por
conta de sua eterna namorada. Não era um homem rico. Era respeitado pelos
outros homens da rua. Era um homem cheio de carismas.
Subindo a rua havia um outro homem. Também tinha um sorriso
estampado na face. Entretanto trazia em si uma face de sofreguidão. Vestido
sempre com extrema elegância. Morava na casa mais bonita da rua de cima. Lembro-me
dele andando de um lado para outro no belo jardim da sua casa. Às vezes
assobiava uma canção desconhecida. Era de poucos amigos. Tinha um emprego que
lhe garantia bons salários e uma vida de luxos. Quando o via, notava que seus
olhos buscavam algo nas alturas. Quem sabe a paz que parecia lhe faltar?
Agora esses dois homens cruzam na minha rua.
Primeiro aquele do sorriso manso descendo a rua. Depois, este do sorriso
sôfrego, subindo a mesma rua. Era a minha rua.
Ao cruzarem, sem que um se soubesse do outro, apareceu no meio
deles uma mulher. Não uma qualquer mulher. Mas uma mulher que não precisava de
sorriso, indumentárias, ou qualquer palavra. Ela se fazia toda. Não carecia de
nada. Apenas olhou para os dois homens. De alto a baixo. Estava dito. Entre o
operário e a nobreza havia o desejo de uma mulher. Ser vista.
Assim é o inconsciente. Mesmo dormindo ele não pára de
desejar.
Então acordei de um sonho entre
dois homens tão iguais e tão diferentes. E meu sonho apenas veio me
confirmar aquilo que eu já sabia, ou seja: como eu gostaria de ser tal e qual
aquela mulher!
Se assim fosse certamente eu teria o amor do terceiro homem. Aquele que não aparece nos meus sonhos porque dorme preguiçoso dentro do meu peito.
05/09/2019
(Foto feita por mim num dos Palácios da Família Real, em Londres em julho de 2018)
05/09/2019
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