terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
Crônica: Um agricultor/escritor
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
Conto: UM POBRE HOMEM RICO
A Cherokee azul marinho comprada recentemente faria parte dos novos fetiches para a conquista de uma mulher.
Um primeiro convite já havia sido negado por ela.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
Olhos de Lorenzo
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023
Conto: Querelas com um Pacífico
- “Por que seu nome é Pacífico?”
Nas minhas memórias de estudante de geografia do ginásio e do científico, você foi definido como algo cheio de terror, de monstros marinhos e de profundezas abissais. (Até me lembrei agora do National Kid, super-herói japonês que saía voando de dentro de você. Ele vinha proteger as crianças e o planeta Terra. Será que ele morava nas suas águas profundas?)
- “Por acaso você sempre foi assim, paradoxal, contraditório?”
Deveria ter outro nome. Talvez um nome que delatasse os terríveis animais marinhos que vagam por suas profundezas.
Pacífico coisa alguma!
Suas arraias assassinas espetam os homens e os matam com dores absurdas e hemorragias, cobras-dragões - essas foi meu neto quem me apresentou no seu videogame novo - seus tubarões-martelo devem martelar as presas até estraçalha-las, suas gigantescas orcas que derrubam até navios. Chega! Não quero mais saber de seus habitantes.
Ainda tem os maremotos! E as ondas gigantes! E as tsunamis engolindo cidades, vomitando seus destroços e suas populações!
- “Ah, Oceano Pacífico! Faça jus ao seu nome e aquiete-se! Por favor! Não vê que tem uma avó murchando de saudades do neto que foi morar numa de suas ilhas? Como conseguirei vencer todos esses temores de que me falam sobre você? Como voar em cima de suas águas escuras e aterrorizantes?”
- “Pois bem! Está decidido. Viajarei. E nem precisa mais mudar seu nome. O dicionário me disse que:
- Pacífico enquanto aquele que ama ou almeja a paz”
Assim também sou eu: uma mulher aguada que sempre ama e que morre de medo de contendas.
09/02/2023
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023
DA VOVÓ SAUDOSA - UM SONHO
Estávamos numa praia muito esquisita. De repente o sol desapareceu, ventos fortes e uma garoa fina atingiam as pessoas que ficaram aterrorizadas. Corri procurando meu neto. Abracei-o e o beijei. Então ele me disse:
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
Conto: Fui numa festa esta noite
Tia Nini comandava tudo na casa paroquial. A louça branca de porcelana iria passear pelas mesas rodeadas de padres. Os motoristas comeriam noutra mesa também cheia de deliciosos pratos e sucos das frutas do imenso quintal. Talvez esta fosse ornada com as imensas bacias esmaltadas e pintadas de flores.
Meus pensamentos vagueiam perdidos entre pessoas por todos os lados e de todos os tempos.
De manhã a missa. À tarde a procissão. À noite rodas de conversas. Rodas de violões. Vozes ecoando pelas montanhas e pelos tempos. A voz mais bela e potente ainda é da Maria Helena do Hely. Será que os dois violeiros são seus filhos?
Eu continuava perdida. Levantava a cabeça entre a multidão procurando... Nem sei o quê. Vi Tia Nini e seus mandos dentro de mim. Um sorriso farto ou uma palavra dura poderiam sair dela. Imprevisível. Mas sempre presente. Não deixava espaço vazio. Tia Nini costurava, cozinhava, fazia doces, comandava as quitandeiras, colocava flores pela casa. Para mim Tia Nini era uma artista. Tudo girava em torno dela, assim podia-se pensar. Mas tudo tinha um fim. Prover a casa paroquial do silêncio necessário para que o padre, seu irmão, pudesse ler o breviário no sossego de seu quarto. Prover a casa paroquial da assepsia santa. Ali só o perfume das flores; ali só o cheiro do suco do limão galego. O padre bebia em jejum, todas as manhãs, um copo d'água com o perfume do limão. O pezinho de limão galego era visto da janela da cozinha. Eu ficava namorando aquele pequena árvore, sempre verdinha; nem ousava chegar perto. Nossas limonadas eram feitas com o feioso limão rosa. Não poderíamos falar que era limão capeta. Meu tio padre era bravo que só ele.
-"Será que eles já saíram de lá? Será que pedi minha tia para que eles pudessem dormir na casa paroquial? Acho que eles deveriam trazer travesseiros e cobertores." Era meu desespero e eu associados à minha desorientação.
Meus amigos, Tonhão e Gilca, FdS e Rita, Flávia com Benício e Mirela, Ângelica e Lurdinha estão vindo de Belo Horizonte. Uns virão no Jeep - 1957 - recém pintado de azul. Outros virão no Captur da minha bela enteada. Com certeza estão trazendo colchões.
Olhei para cima e vi minha Tia Nini na janela do segundo andar da casa paroquial. Só então lembrei que ela me havia reservado os quartos escuros e de terra batida debaixo da casa. Ótimo. Eles ficam perto dos banheiros e da adega do padre.
Eles já devem estar chegando.
Que Nossa Senhora do Rosário abençoe todos os fiéis daqui e de lá.
Mesmo no burburinho das pessoas na Praça Capitão Vilela escuto o som.
Eu estava no meio da minha gente de Brás Pires.
A buzina rouca do Jeep me acorda no meio da madrugada. Viro para o outro lado da cama e continuo a dormir.
03/02/2023
Fotografia: agradecimento a Laison, proprietário do Jeep, da cidade de Mário Campos (M.G.)