domingo, 3 de fevereiro de 2019

Poema: A COR VERMELHA






Quiçá fossem alucinações
uso abusado da morfina
de tantas outras dores.
Mas não!

O sangue nas águas do rio
não são visões turvas
ou alucinadas.
A cor vermelha 
que coloriu a água do rio
é de puro sangue.
O sangue dos trabalhadores,
o sangue da mais valia,
o sangue do pequeno agricultor,
da dona de casa,
da menina enamorada,
O sangue
da criança no ventre da mãe.

A cor vermelha 
do oxigênio nos pulmões
agora escureceu.
Inundado de minerais.
O rio morreu 
Intoxicado.

Agora: JÁ!

Lavem este rio!
Lavem suas águas!
Tirem dele a cor vermelha
da morte!
Tragam de volta nossos sonhos!
Tragam de volta nossos amores!
Tragam de volta nossos filhos!

Eles foram soterrados
vivos!

Agora: JÁ
Desenterrem-nos
Ressuscita-os
Pois quero beijá-los.

(Homenagem a todas as vítimas, mortas ou vivas, ou vivas-mortas em Brumadinho.)

Maria do Rosário Nogueira Rivelli
29/01/2019