segunda-feira, 30 de abril de 2018

VIAGEM


Pela janela
meu olhar percorre
a estrada
Viajo por seu corpo
Às vezes
curvas
perigosas
Outras vezes
espaços sombrios
perturbadores
Logo ali
entre árvores
raios de um sol morno
olhos desejantes
Agora 
uma reta
entre dois pontos
não se tocam.
Estrada majestade
Um rei
uma rainha
No meio
uma dama
Na volta
noite
lua quase cheia
convite ao amor
entre sonhos
e ilusões
Estrada
Real

28/04/2018

terça-feira, 17 de abril de 2018

Carta de Amor Vlll - A carta que você não me escreveu.

Minha querida,

Boa noite.


Não me culpe por minha ausência na noite de sua festa. Sou assim: inflexível como o aço, duro como uma rocha e, desesperadamente, só no meio de todos que me cercam. 

Não aprendi a sorrir senão daquilo que foi escrito por outros. Apenas represento outrem. Enquanto fico aqui comandando trabalhos esqueço de mim e da minha total incompetência no quesito amor.

Se por um lado meu corpo não esteve ai para te abraçar, por outro minh'alma ficou todo o tempo ao teu lado. Quando você quase chorou por minha ausência, eu aqui chorei por não conseguir ir ao seu encontro. Chorei por nós. Nós que o tempo deixou marcas no corpo e na alma.

Ainda posso sentir o calor da sua pele e as palpitações do seu coração nas tardes quando você descia as ladeiras desta cidade. Eu pensava que estivesse tendo alucinações. E como você chegava tão linda dentro de sua calça jeans e de sua bata branca de algodão. Todo o meu corpo desejava você naquelas tardes. E nos amávamos por toda a madrugada. Mas na manhã seguinte te deixava só. Ia embora tal qual um autômato que não sabe o que dizer quando se vê humano. 

Hoje ainda continuo assim. Talvez um pedaço de mim tenha ficado com você. E te garanto que toda você ficou em mim. E você é o melhor de mim. 

Não sei se terei coragem para desfazer todo o enovelado da minha vida. E já posso te ouvir argumentando o que nos disse Guimarães Rosa, "de sofrer e de amar, a gente não se desfaz". Mas sou pedra e não consigo me fazer água. Apenas lágrimas.

Agora, escutando Mercedes de Sosa, volto aos dezessete.

Perdoe-me por deixar-me sem ti. 

Abraços

                         Teu eterno amor