(Delicadezas em Tempos de Coronavírus - XL)
Missão difícil foi-nos dada por nosso mestre em escritas. Pensei e pensei e nada saia na página que continuava em branco. Queria falar das mulheres da minha região. Então, ouvindo as belíssimas canções, “Ontem ao Luar” e “Mulher Nova Bonita e Carinhosa” dos compositores nordestinos, Catulo da Paixão Cearense e Zé Ramalho, respectivamente e, juntando aos vários nomes dos livros publicados por nós, alunos da oficina de letras, decidi botar a mão na massa. Obviamente que bati tudo no liquidificador, rebolei bastante, juntei algumas ervas aromáticas num caldeirão e deu no que deu. Senão vejamos:
Mulheres da
região
Algumas delas vivem na “Primeira Pessoa”, sem mesmo o saber. Não faria diferença se o soubesse. São poderosas, cheias de sabedoria e expediente.
Algumas irmãs vivem tão juntas que, não fossem as características seguintes, não saberiam quem é quem. Uma é frágil e doce e anda com “Os Pés descalços”. Outra é forte e esperta e vive como “Essetremloucodavida”. Outra é inteligente, dançarina e tem “Um olhar em cada canto”.
Há um quarteto de outras irmãs indistintas também. Uma é enigmática como o “Flexível Aço”. Outra está sempre juntando pedaços como “Soldas Poéticas”. A alegre e danada lembra a “Rosa nos tempos”. A outra traz o silêncio e “Tudo que há em mim” e vive viajando no “Vagão da Lia”. E da outra nada se sabe.
Do outro lado do caminho, há uma enorme ladeira em curva, ali mora “A mãe de ouro”, cujo filho é um jovem belo, amigo e futurista.
Noutra curva, desbarrancada pelas enxurradas, pode-se ver uma filha dessas mulheres, ela tem os olhos verdes de Atena, a explosão de Menalau e, “Por não saber fotografar um pássaro” quase caiu no buracão defronte a sua casa.
Aquela é linda mas, se não fosse tão recatada, poderia viver “As quatro estações do amor”. Sua irmã, vivendo nas “Entranhas” da mata, faz florescer todas as belezas da natureza em seu pedaço de chão.
As tias, junto com as sobrinhas, podem ser vistas torrando farinha de mandioca em gigantescos tachos (seriam de cobre ou de alumínio?) sobre a lenha crepitando nas bocas dos fogões de barro. Uma é pura doçura, de estatura pequena, e tia de padre. Quem a escuta e vê seu sorriso pensa que ela é um “Livro nas estantes”, cheia de sabedorias dos antepassados. Bonito de se ver e ouvir. Certamente que, o aroma exalado pela torrefação, leva a todas ao mais íntimo de cada uma.
A filha, despachada e amorosa, “Pergunta ao luar do mar a canção,
Qual o mistério que há na dor de uma paixão?’
Uma outra Tia, muito bem respeitada na região, sabe bem o que quer e como “Desenrolar o fio”. E faz lembrar uma “Maria Fumaça”.
São tantas as mulheres da região que não caberia aqui falar de todas elas e, esse, nem é o propósito. Entretanto seria verdade afirmar que todas elas sabem que “A dor da paixão não tem explicação”.
São todas luminosas e flores amorosas.
E, “Quem não ama o sorriso feminino
Desconhece a poesia de Cervantes”
Observações:
1 - Os escritos entre aspas, em itálico e negrito são os nomes dos livros dos colegas da Oficina de Escrita, incluindo o meu "Rosa nos Tempos"
2 - Os escritos entre aspas e em itálico, são versos das letras das referidas músicas citadas acima.
3 - Fotos gentilmente cedidas por Cristiane Siqueira e Andresa Rodrigues.
Rivelli, 20/03/2021