Boa noite a todas e todos vocês.
Antes de iniciar a leitura do que escrevi para esta noite, gostaria de fazer uma reparação:
Quero me desculpar com a professora, amiga e vizinha Luciana da Paz, que pela ocasião do lançamento do meu primeiro livro “Rosa nos tempos” apresentado por ela e lançado aqui, nesta sala, em 2018 pela Editora Lesma, indelicadamente, esqueci-me de convidá-la à mesa. Gostaria que ela se levantasse e que déssemos uma salva de palmas para ela.
Muito obrigada Luciana
São muitas as palavras que gostaria de dizer a vocês nesta noite, mas vou me permitir diminuí-las no tanto para não ficar enfadonho e eu correr o risco de vocês me deixarem falando sozinha.
Quero agradecer a todas as pessoas envolvidas neste evento, meu querido irmão Luiz Paulo Rivelli, Wagner, meu amigo e editor do livro por sua editora Tábula rasa, agradeço aos alunos e professores do CAIC, Escola Municipal “Dr. Rui Pena”, agradeço à Sociedade Literária de Queluz que acolheu tão bem minhas escritas, às minhas sobrinhas neta Iasmim, Júlia e Marcela que estão recebendo vocês e vendendo meus livros.
Agradeço também à Tânia que, com sua voz e sua interpretação já havia me arrancado lágrimas,
Agradeço ao Vlad com seus tons diversos e sua alegria.
Agradeço aos meus familiares, minha irmã Maria da Glória, aos meus vizinhos, e a todos que aceitaram nosso convite para esta noite.
Bem, a escrita do livro, Em nome da mãe, começou há alguns anos.
Tenho dito sempre, quando me refiro a ele, que me foi preciso escrevê-lo.
Ele conta a história de uma família, como tantas outras, que, naqueles anos do grande êxodo rural no Brasil, 1950 a 1970 se viu tendo que sair do interior e buscar uma nova e incerta vida nas cidades grandes. Lembro aqui do nosso mais famoso retirante, O presidente Luiz Inácio da Silva Lula
Com certeza, muitos de vocês aqui, também viveram esta mesma história.
Fui menina num tempo de muita insegurança social no país. Estávamos vivendo sob o regime ditatorial militar. Havia muita repressão e medo que interferiam nos menores detalhes das nossas vidas. Nosso simples ir e vir estava sob suspeita.
Foi um tempo de muita insegurança alimentar, quando os Estados Unidos, patrocinadores do golpe militar, “bonzinhos feito eles só”, enviavam grandes latas de leite pó para matar a fome de milhares de brasileiros, entre eles, estávamos nós.
Naqueles tempos as crianças nordestinas estavam condenadas a viverem como sujeitos menores, “Eles não teriam massas cinzentas cerebrais suficientes para se desenvolverem. Seriam considerados seres humanos inferiores”. Ainda bem que aconteceu o inverso. Os adolescentes nordestinos tem-nos mostrados sua força, sua arte, com as melhores redações do ENEM.
Também foi um tempo em que a religião mais oprimia do que construía seus devotos. Aliás mantinha seu rebanho à base do medo como o regime militar em que vivíamos e à base do “tudo é pecado”.
Pois bem, é nesse contexto que a história do meu romance autobiográfico acontece.
Vocês descobrirão, ao ler o livro, como tudo isto afetou uma criança chamada Zarinha.
Obrigada e boa noite.