Cleide cismou que queria conhecer Portugal porque, segundo ela, seu avô paterno teria vindo de lá. Já havia feito a tatuagem de uma belíssima nogueira em seu antebraço, sobrenome do seu avô. Não foi fácil, naqueles tempos, arrumar um conhecido que pudesse lhe dar informações sobre a viagem e ver sua grande paixão, o Rio Tejo. Sempre ficava imaginando Fernão de Magalhães e o bispo Sardinha saindo com as três caravelas em destino ao novo mundo. Dinheiro economizado e guardado, passagens aéreas compradas e hotel reservado lá se foi ela.
Ainda no aeroporto de Portela, em Lisboa, seus olhos foram levados até uma mesinha solitária numa elegante cafeteria. Sentou-se tranquila. Acomodou suas duas enormes malas ao lado, no chão, e pediu um chá, nada de cafés como lhe haviam ensinado. Daí a pouco aproximou um homem alto, magro, com seus bigodes além do limite da boca, óculos na ponta do nariz. Pediu se poderia sentar-se ao lado dela. Diante do sinal positivo, apoiou sobre a mesa dois livros para onde o olhar de Cleide encaminhou. “Um certo Oriente” do escritor Milton Hatoum e “Crônicas de Sol”, da escritora mineira Solange Ladeira. Aguçou sua curiosidade aqueles livros quando perguntou para o homem sobre os mesmos.
São dois escritores brasileiros que viveram no século XIX e ambos falam sobre a revolução russa quando Mikhail Gorbatchov promoveu a Perestroika. O Czar conseguiu expulsar os neonazistas ucranianos que haviam se juntado ao presidente do Brasil, Carluxo Bolsonaro, para apoiar Maria Antonieta, na França, contra Napoleão Bonaparte.
Não houve brioches nem pasteis de Belém naquela cafeteria. Tudo terminou em café com pão de queijo.
Cleide, muito assustada com toda aquela história, pediu a conta quando foi interrompida pelo homem que trouxera os livros. Ele segurou seu braço e lhe tranquilizou, “a conta já está paga pelo partido. Agora venha comigo, camarada Sofia”. E a camarada Sofia pediu para ir ao toilette e escafedeu-se dali. Dizem que foi encontrada rezando ajoelhada no santuário de Santa Sofia, em Moscou, em plena Praça Vermelha.
Se é verdade toda essa história eu não sei, só sei que foi assim que me contaram.
Funil, 13/06/2022
E eu só me separei da Maria Antonieta porque ela perdeu a cabeça! Rsrsrsrs. Beijos, querida! Orgulhosa por figurar nas suas memórias....
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