segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Poesia: Amor da lua cheia




 

Lá onde eu moro,
a lua cheia
nasce escondida detrás da serra.
Longe de casa,
neste final de tarde
topei com a lua,
que,
bem devagarinho,
subia ao céu
Parecia a me convidar
para ver seu esplendor
Então,
revestida do meu olhar,
ela se animou
Subiu ligeira,
também
a me olhar.
Foi então que
tornei-me encantada
e cheia,
Cheia do amor que, ora,
vem nascendo dentro de mim.

06/09/2025 (Bairro Primavera, Mário Campos, M.G.)

Fotografia: gentilmente cedida por Marcia Chagas, da janela de seu apartamento no Bairro Santa Teresa, BH

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Crônica infantil - Carta para Eduardo, meu neto.

                            



Bom dia Dudu,

Como estão todos vocês ai? Fiquei sabendo que você já está voltando sozinho da escola, e de bicicleta! Deve  ser uma grande aventura! Quero que me conte como é voltar para casa sozinho em cima de duas rodas..

Dudu, como você sabe, tia Clarice e eu já voltamos da nossa viagem a Porto Seguro, mas, antes de falar dos nossos passeios por lá, quero falar do que passei dentro daquele trem que voa.

Eu havia entrado preocupada dentro da barriga daquele trem que sabe voar. Na pista por onde ele caminhavs, de repente, o bicho acelerou o passo, arrebitou o nariz, bateu asas e voou. Fechei meus olhos, apertei minha barriga e quase morri de medo.

Tinha hora que parecia que ele estava pulando nas nuvens. Fechei meus olhos de novo e pensei que eu estava montada num cavalo alado galopando sobre as campinas. Nesta hora até senti os ventos batendo contra meu rosto.

Mas foi o barulhão que mais me assustou. Parecia que era um trovão disparado que a natureza esqueceu de desligar.
Outras vezes parecia que a estrada estava cheia de costeletas e ele ficava pulando amarelinha no chão. Caía e levantava e caía de novo e levantava de novo. Quase botei meus bofes pra fora nesta hora.

Dudu, vou te confessar uma coisa: eu gosto mesmo é de viajar dentro de um trem de verdade, ou em cima de um cavalo, ou mesmo dentro de uma BMW que tem até uma mesinha para eu e você tomarmos nossos lanches.

Já falei muito. Depois contarei nossos passeios sobre aquele mundão de águas.
Tô com muuuiiitas saudades de você.

Um abraço, um beijo e uma lasca de queijo

                                     da vovó Zarinha.


Funil, dia 4 de setembro de 2025

Sugestão: será que alguém quer desenhar a vovó Zarinha dentro da barriga do avião?


Fotografia: pintura em painel na parede do Museu em Caraíva, Porto Seguro. (arquivo  pessoal)