A metáfora da roseira de sua mãe, nos contada pela juíza Carmen Lúcia, foi o que me fez escrever sobre ontem, dia 11 de setembro. Sozinha diante da tela do meu notebook, acompanhei um tanto do que foi dito pelo STF. Obviamente que não suportei ouvir aquele que, como bem nos disse uma charge, “começou às 9 horas e acabou em 1964”. Diante do relato do dito cujo, pude sentir a tal vergonha alheia.
Ainda criança no fatídico dia 31 de março de 1964 não pude ir à escola. O prédio fora interditado. Outras raras lembranças daquela época me levam à carestia sofrida pelo povo brasileiro, me levam ao medo de sair às ruas, me levam à cena do meu pai “no pé do rádio” ouvindo as notícias e seu amor por JK. Mais tarde iria viver e entender o assombrado período do golpe militar enquanto estudante numa universidade pública, em Juiz de Fora. “Aquele cara era um infiltrado”, ainda escutamos colegas falarem de um jovem que aparecia entre nós.
Ontem, ansiosa com os afazeres domésticos, aniversário de uma filha no dia de hoje, entre um voto e outro, eu dividia comigo e uma taça de vinho, a alegria de ouvir e aprender tanto com nossos competentes juízes da mais alta corte do país.
Enquanto médica acompanhei, mesmo que de longe e aposentada, o sofrimento pela falta de O2 no Amazonas; chorei quando barraram a ajuda venezuelana. Senti-me ofendida quando a ciência fora negada. Odiei quando foram indicados medicamentos sabidamente ineficazes para a Covid 19. Chorei quando nossa fundação estadual de pesquisa, fabricante de medicamentos, 100% SUS, a FUNED – foi impedida pelo governador, que desconhecia a existência de tão importante Instituto de pesquisa, de iniciar a pesquisa para a fabricação da vacina para a Covid 19.
Fiquei indignada quando vi a troca de importante empresa petrolífera nacional por jóias sauditas.
Ficava indignada quando via os filhos do tal presidente do Brasil comprar mansões com dinheiro vivo levado em malas.
Escárnio é o nome disso. Eles debocharam de nós. E nós não perdoaremos.
Minha escrita é tão só um desabafo.
Obrigada STF, obrigada Polícia Federal, obrigada Procuradoria Geral da União, obrigada a todos e todas servidores que trabalharam para a efetivação da justiça.
Obrigada a nós, povo brasileiro, que sonhamos com esse dia.
Agora vou cuidar do meu jardim que, mesmo com esta seca danada, já começou a florir.
12/09/2025
Observação:
-Caso queiram fazer algum comentário não esqueçam de de se identificarem.
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Fotografia: Clarice, minha filha aniversariante e eu.
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