Uma terrível dor de cabeça me acorda no meio da madrugada. Fiquei
quieta a pensar o que seria tal desarranjo àquela hora.
Três hipóteses me apareceram
nas ideias: pressão alta pós apneia do sono, ou síndrome de abstinência de
cafeína ou sinusite (de novo?). Pensei em tomar algum medicamento, mas os efeitos poderiam
mascarar a verdadeira causa. Mesmo assim tomo um antigripal que, certamente,
não alteraria os níveis pressóricos.
Meus colegas médicos, reencontrados recentemente, me alertaram
para o meu roncar à noite e o parar de respirar. Uma de minhas filhas dorme de porta
fechada para não o ouvir. Segundo ela, parece que a respiração não voltará
mais. Há dois anos fiz a esquisitíssima “polissonografia” que veio sem laudo. Ao leva-la
a um neurologista de confiança, este me dissera que ali estava descrito que eu
já havia morrido.
Não voltei mais em nenhum dos dois. Conclui atualmente que
devo procurar não um médico - morro de medo deles – mas um bom fisioterapeuta
especializado em respiração e apneias do sono. Ainda vou procura-lo.
Quanto ao café, tomado apenas pela manhã, fui ao supermercado
com uma lista das compras e esqueci exatamente da bendita cafeína. É domingo de
tarde e não vou sair de casa de novo. Daqui a pouco meu Atlético Mineiro
entrará em campo e precisa de muita energia positiva para sair da zona de
rebaixamento neste campeonato brasileiro. E jogará contra outro time dos meus
preferidos, o São Paulo Esporte Clube.
E quanto a uma possível infecção dos seios da face - a tal
sinusite - bem feito para mim. Sempre me vangloriei de jamais ter tido gripe. “Tenho
imunidade virótica! ”, dizia para todos. Não tomei a vacina contra a gripe e,
neste ano, já tive dois episódios gripais. Agora só me informando se ainda
posso toma-la. Uma confissão: detesto injeções. Outro detalhe para as tais IVAS
(Infecção da Vias Aéreas superiores): fui assistir ao grupo da Poesia com
Cachaça na tal venda do Bininho (no distrio de Palhano, em Brumadinho) e não levei blusa. Teria morrido de frio não
fosse a solidariedade das amigas. Mas valeu a pena. Ri muito e saboreei tilápias
fritas com limão e caldo de mandioca. Obviamente a gripe encontrou terreno fértil para se alojar.
Bem, voltando ao amanhecer com minha cefaleia, não tive mais
lugar nem posição na minha cama.
Levantei para ir ao banheiro. Meus olhos não adaptaram à luz
do dia amanhecendo. Fechei-os logo. Mais um sintoma que me veio descartar a
abstinência do meu café e me fazer pensar em sinusite. A danada da cabeça
continuava a doer. Era uma dor de processo inflamatório; contínua, cheia e
pulsátil. Parecia que havia um relógio pulsando dentro da minha cabeça.
Levantei de novo e sai a andar pelo apartamento. Agora
parecia que meu cérebro estava solto e dançando dentro da calota craniana. Ai
meu Deus!
Sabia que deveria procurar minha médica clínica e grande amiga para esclarecer logo minha perrenguice. Entretanto a vergonha de estar doente e a regressão à infância sempre me deixaram paralisada. É segunda-feira e tenho vários compromissos.
Ai minha cabeça! Decido cuidar de mim antes que a vaca tussa
e vá para o brejo.
Fui...
19/06/2017
* Solange é minha colega na Oficina de Literatura, ministrada pelo poeta e escritor, Ronald Claver. Autora do livro "Crônicas de Sol" e do belíssimo blog de literatura :
www.versiprosear.blogspot.com
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