entrou na casa
levada por ele.
não disse palavras
seu coração dizia tudo.
era uma casa antiga,
com paredes pintadas de branco
portais de madeira no tom daquele azul.
mais tarde, quando estivesse deitada,
veria o forro em traçados de taquaras.
conhecia bem daquilo
estava feliz para além da realidade.
confiou no moço.
na mão do moço que lhe conduzia
por corredores e escadas abaixo.
uma casa em estilo colonial.
não teve dúvidas.
outras escadas para descer
uma construção nova
que tentava imitar aquela.
uma porta grande
bem feita
pintada do mesmo azul.
um amplo quarto de dormir.
pediu um banho
saiu enrolada no lençol.
suas roupas ficaram penduradas
num cabideiro.
eram roupas comuns
mas cuidadosamente
escolhidas para aquele encontro.
ele sentou-se ao lado dela.
trocaram carícias de amor
beijaram.
ela o amava
sabia que ele também a amava
ele deitou ao seu lado e
suas mãos viajaram pelo corpo dela.
dormiram extasiados de paixão.
pela manhã acordou-a com beijos,
de mansinho.
muitos beijos.
avisou que iria sair mas voltaria logo.
ela esperou
e esperou mais.
então olhou para suas roupas
entendeu o que elas lhe diziam.
levantou.
lavou-se do amor
saiu do quarto.
subiu escadas.
atravessou corredores
abaixou a cabeça
encontrou a porta de saída.
andou pelas ruas
ladeiras.
entrou num bar
café com pão e manteiga.
vagou todo domingo
por estradas.
comeu
e dormiu em qualquer lugar.
sabia que teria que voltar
para tão distante dali
era o tempo das caronas.
entrou num carro qualquer
que parou ao sinal do pedido.
não voltou para casa.
nem sabia para onde ir.
não queria saber do sabido
daquele desfecho do encontro.
a moça nada entendia
por isto nem chorou.estava por demais cheia de amor.
nem percebeu que fora deixada
na casa.
e que se dera ao amor de uma noite.
apenas.
15/09/2017
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