(Delicadezas em tempos de Coronavírus - XXIV)
EL GUAPO
Ele era
lindo. Alto, moreno, olhos verdes, andar solto e o sorriso mais lindo que Ana já havia visto. Com pouca conversa fisgou o belo. Mas a vizinha de cima também
ficou encantada com o rapaz que já se tornara namorado da outra.
“O que ela
tem prá fisgar esse peixe?” “Como ela consegue manter este namorado tão lindo?”
“Será que ela não tem ciúmes de tanta beleza?”
A vizinha
pensava, perguntava e não conseguia respostas. Até que resolveu jogar todo seu
charme prá cima do jovem da outra e, para sua surpresa, nada fora difícil e o
peixe caiu na sua rede.
Nos primeiros dias o encantamento tomou conta do namoro. Porém, passado este tempo, veio a resposta para suas tantas perguntas. O fantástico, o belo, aquele dos olhos verdes era totalmente desprovido de palavras. Ele não sabia nada de coisa alguma e se achava o filé mignon da boiada.
Passando defronte a casa da outra percebeu um risinho sarcástico na cara da moça.
O mais difícil de tudo foi
desfazer daquele peixe que apaixonou de vez pelas palavras da segunda.
Há quem
diga que até hoje ele fica tentando comer a minhoca do anzol dela que acabou
indo pescar noutras freguesias.
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