sábado, 18 de dezembro de 2021

É assim que se inscreve

 



Pegue um lápis. Quem sabe uma caneta? Ou um pedaço de carvão? Talvez a ponta de um canivete. 

Agora encha o peito de ar. Então expire vagarosamente em forma de palavras. 

Dê asas às suas palavras. Dê autonomia de voo. Viaje para o azul do céu ou para dentro de si. Ou deite no fundo de uma canoa no rio Parnaíba. Olhe para o leste. Ali, onde o sol nasce, é a cidade de São Bernardo, no Piauí. Vire os olhos para o oeste. Ali, onde a lua vai perdendo seu brilho, é a cidade de Magalhães de Almeida, no Maranhão.

Deixe a canoa deslizar rio abaixo. E deságue no delta junto a cidade de Parnaíba. Dois estados se beijando. E um terceiro estado está dentro de você. É este quem comandará o destino de suas escritas.

Mas vá bem devagar. Quem sabe encontre uma floresta de babaçus. Olhe como suas folhas bailam ao ritmo das ondas do Atlântico. Não se acanhe diante do mar. Mas o respeite e ele te encherá de palavras para suas escritas.

Pode chorar. A água salgada de suas lágrimas se juntará às águas do mar. Você se inundará de prazer. 

Ele há de voltar. Não o amante imaginado. Criado.

Há de chegar o amante do mar. Mergulhe. Lave seu corpo. Revigore sua alma. E dance com as palavras que estavam aprisionadas.

Depois volte para casa. Pegue uma folha em branco e se inscreva na poesia.


Observação: Este texto faz parte da Segunda oficina de letras de dezembro como solicitado: "Escreva um texto para alguém quer trilhar o caminho das escritas".

Maria do Rosário Nogueira Rivelli

15/12/2121



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