sábado, 18 de junho de 2022

Crônica de uma tarde de outono

 




Da noite de anteontem pra ontem nem consegui dormir. Afinal não é sempre que recebemos em nossa casa um grupo de pessoas amigas tão distintas. Minha casa ficou encantada com tantos poetas, escritores, artistas plásticos, professoras de biodança e ioga (musa inspiradora de poeta paraense), musicista, teve até uma madre superiora com profissão de tradutora juramentada. Foi um encontro pra lá de especial. Trouxeram quitutes, presentes, bebidas, temperos especiais, comidas vegetarianas e tantas outras delícias.

Minhas filhas e a grande amiga e colega de três décadas, juntamente a mim, recebemos este grupo com alegria e um trabalho saboroso.

A organização ficou, como sempre, a cargo do “fazedor de laços” como bem disse a artista dos desenhos e bordados. Nada falhou.

Meu coração que já vinha desandando acabou alinhando-se no compasso dos abraços, dos sorrisos e das conversas. Meus ouvidos que já andam trocando pirralho por cara... queriam escutar e entender tudo o que falavam por ali. Coitados deles. Mas se faltaram escutas, não faltaram entendimentos.

Após a primeira rodada dos diversos comestíveis gentilmente ofertados pelo grupo, a madre superiora iniciou o sarau na tarde de um sol acolhedor. Trouxe-nos uma bela história das conversas acerca da "Melhor Idade" da menina Valentina com seu avô.

O “fazedor de laços” nos apresentou o belíssimo poema “Túmulo de Lorca” da premiada poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Nesse momento meu coração desandou de novo pois me levou de volta aos trágicos assassinatos recentes dos líderes indigenistas brasileiros. Momento sombrio das desgovernanças pelo Brasil afora.

Mas a declamação da poesia de Adélia Prado pela colega, artista de teatro, acalmou as batidas descompassadas e todo meu corpo viajou na suavidade das palavras de poeta setelagoana.

A musa inspiradora nos trouxe a poesia “No lugar do medo” do poeta paraense, Max Martins, o que foi uma surpresa para mim e, quiça para outros presentes, que não o conhecíamos.

A colega, que vive ora nas praias de Florianópolis ora no nosso Belo Horizonte, trouxe um tal “Purê de banana da terra” que acabou num instante tal o desejo guloso de saborear a peculiar iguaria.

O único pesar foi as ausências notadas, em especial, do nosso mestre das artes de escrever. Por onde anda poeta Claver de Luna? Outras não vieram devido a COVID-19. Lamentamos.

Pois bem, num dado momento, pousou sobre a mesa um louva-a-deus que, de mãos postas, apreciava todo nosso fuzuê. Penso que ele rezava pelo nosso pecado do dia – a gula.

E muitas fotos foram feitas do pequeno inseto. Até a artista que não veio, a irmã da outra artista, fez verso do companheirinho verde.

“Jardim onde nasce amor
  Verso a verso
  Até inseto faz louvor”

Enfim acabou-se o que era doce. Empanturramos das delícias compartilhadas, das palavras lidas e declamadas, dos sorrisos, do sol e do Boy, o “cachorrinho amarelo”, que deitou no meio da roda como um ouvinte especial.

E vamos continuar nos encontrando e nos encantando.

Quando e onde será o próximo encontro?

17/06/2022

















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