Na rodoviária errou o guiché. Claro que erraria. Os óculos atrapalhavam e embaralhavam as letras das muitas cidades brasileiras espalhadas por aquelas placas ainda não luminosas.
Logo seus olhos foram convocados a ler São Raimundo Nonato e seus
pensamentos, imediatamente, viajaram para o famoso Parque Nacional da Serra da Capivara.
Há muito ouvira falar daquele local cheio de grutas e escritas rupestres. Não
teve dúvidas. Caminhou até o vidro e do lado de lá foi informado do valor da
passagem sem mesmo ter perguntado.
Uma voz dentro dele aventurou o trajeto, norte de Minas
E, de vera, alumbrado ficou o médico jovem com todas aquelas possibilidades.
Dizem as más línguas que o residente de psiquiatria teria ido lá apenas com o intuito de ver o Museu do Homem Americano e ver de perto o santo que foi extraído vivo das entranhas da mãe já morta.
Hoje é sabido que o jovem residente, de lá, não voltou. Todos os empreendimentos para encontra-lo foram em vão.
É sabido também que a namorada, depois de quarenta e dois anos de solidão e viuvez por antecipação, ainda aguarda pelo residente de psiquiatria.
08/03/2023
Tudo é viagem, você é uma viagem de mil paisagens e histórias. O seu texto de abertura é uma viagem ao país do possível e impossível. O ser é tão só, o sertão não tem cercas. Uns vão, outros esperam. É o que acontece com o residente e com a noiva impossível que espera o noivo que não virá. Muito boa a prosa, bom de ler, deliciar, bjs
Alongamento, alumbramento
A infância não morre, ele fica nos olhos, nos sonhos, nas palavras e gestos. E o texto nos faz rever o passado tão presente. Tudo é alucinação e alumbramento, bjs
Ronald Claver
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