quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Crônica: Viagem necessária e deslumbrante pela Ilha Sul de Nova Zelândia


Queenstown e o Lago Whakatipu

A primeira viagem àquela cidade se deu por outros motivos que não aqule desejado por meu filho e minha nora. Nem por isto foi menos impactante conhecer desde a rodovia até aquele pedaço de chão provavelmente desenhado pelos deuses do olimpo.

Os primeiros cem quilômetros foram semelhantes aos já conhecidos pelas campinas verdejantes com milhares de ovelhas espalhadas por eles. Mas, logo depois começaram a aparecer montanhas, suaves curvas, pequenas aclives e, não mais que de repente, após uma curva, meus olhos miraram num mundão de água e, bem ao alto, as montanhas nevadas. Meu filho, argumentando que seria melhor viajar no banco de trás devido às intensas dores lombálgicas, me colocou na banco dianteiro, então pude ter essa visão privilegiada bem à minha frente. Meus olhos, nesse instante, já umedecidos pela emoção, corriam das águas azuis à minha esquerda às montanhas nevadas por todos os lados.

Tratá-se do Lake Wakatipu, na língua Māori que, conforme contou minha nora, tem a forma de um "S" e, segundo uma lenda maori ele, teria sido um dragão que lutou e foi morto por um grande guerreiro Māori. O lago tem 81 quilômetros de comprimento, sendo o mais longo da Nova Zelândia e tem 289 Km² de extensão. Suas águas são de uma tonalidade azul incomparável. As neves descendo pelas montanhas foi outro espetáculo indescritível. Obviamente que fiquei estupefata com a beleza de toda a região. Por todo o restante do percurso a estrada vai margeando o lago e quase tocando nele em alguns pontos e curvas.

Meus olhos, que ainda não haviam se acostumado com tanta beleza, depararam mais adiante com a cidade de Queenstown que fica às margens do lago na Ilha Sul da Nova Zelândia com os alpes nevados ao fundo. Conhecida por seus esportes de aventura, seus vinhedos e suas belezas naturais, ela atrai turistas do mundo inteiro. Nunca havia imaginado uma cidade tão bela no país embora uma "sobrinha torta" que morou por aqui tivesse me dito que “Queenstown é a cidade que mais gosto de lá”, porém não me advertiu sobre suas belezas.

Mas, como nossa ida se deu por motivos outros, logo minha nora, a motorista, localizou a casa da doutora especialista em medicina oriental, com excelentes referências. A casa, um chalé azul claro encrustado na montanha, com muitas janelas de vidro, foi logo encontrada na avenida por onde se chegava à cidade.

Exames com meu filho de cueca, apalpações, perguntas e logo foi detectado o ponto de tantas dores. Acupuntura com as terríveis agulhas, massagens pesadas, infiltração de analgésicos (seria vitamina B12 com corticoídes?) e técnicas de relaxamento foram aplicadas. Ali eu era tão só a mãe do doente. Aproveitei e fiquei observando todo o espaço. A mim pareceu mais a casa de uma mulher velha, portadora de grande sabedoria e que teria vivido na idade média. Havia muitos livros em chinês, mapas de inervações em corpos humanos, utensílios da cultura chinesa, decorações orientais, tapetes, poltronas, incensos, e muito funcho plantado aos arredores da casa.

Prescreveu mastigação de funcho, medicamentos fitoterápicos com bulas em chinês, respondeu a todas as perguntas (em inglês) do meu netinho que estava angustiado com as dores do pai, autorizou que eu fotografasse alguns locais da casa, sendo extremamente simpática com todos nós. Mais tarde saberíamos que tal especialista havia sido também formada em medicina ocidental e fora cirurgiã ortopédica.

Meu filho, aliviado com o tratamento de urgência recebido, ainda quis passear um pouco pela cidade encantada. Modernos parques infantis na beirada do lago, flores por todos os lados, ventos frios soprando do lago, patos nadando e pescando seus jantares. Eu queria uma coxinha bem brasileira, disse brincando para meu filho. “Então vamos ali” disse ele e caminhamos por uma rua próxima quando deparei com uma portinha de vidro. Entramos e fizemos o pedido. Arriscamos sentar do lado de fora. Foi então que vi a decoração. Pregados na parede estavam Frida Kalo, Che Guevara, cantores e danças caribenhas, e tudo que se relaciona ao Caribe. Estava explicada a simpatia do atendimento. E eu nunca havia comido uma coxinha tão grande, crocante e deliciosa. A seguir passeamos pela orla do lago, entramos e saímos de áreas de jardim, árvores enormes e estruturas maoris.

Voltamos para casa no final da tarde. Eu extasiada com tanta beleza e com a promessa do meu filho e da minha nora de que voltaríamos para fazermos turismo.

Na próxima crônica contarei sobre a volta a Queenstown e nossas aventuras num carrinho de rolimã montanha abaixo.


Observação: por favor, assinem os comentários para eu saber quem são vocês. Obrigada

Fotografias: arquivo pessoal




                                                   Eu e a vista do lago da casa da doutora


                                                                  


                                                Dudu escalando uma árvore nas areisa da praia do lago






Bar caribenho





                                                 Primeira vista do lado e das montanhas




                                Visão de uma nuvem gigantesca quase encostando nas montanhas



                                         Escultura em madeira na casa da acupunturista





                                                    Escultura maori nos jardins da cidade

3 comentários:

  1. Viajei junto com você, curti tudo que você curtiu. Que maravilha!!!

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  2. Até hoje sinto os tapas atrás dos joelhos.

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