quarta-feira, 9 de maio de 2018

Carta de amor IX



Meu amor


Na véspera do seu aniversário não trago boas notícias. Lamento. E não me furtarei em dizer o que tem me ocorrido.

Como já é de seu conhecimento, durante todos estes anos pelos quais nos mantivemos distantes, tive que recriá-lo. E o fiz a meu modo. Caso contrário te perderia.

Fiz você doce, companheiro, amigo, solidário, e dono de uma inteligência rara, pois foi assim que você me aparecia nas poucas vezes em que estivemos juntos.

Nossas conversas pareciam que nunca teriam fim. E nossas alegrias nunca deixariam de existir. Ríamos por tudo e de tudo. Até mesmo de nós.

Dizia a mim mesma que você aparecia para apaziguar minha alma e me encantar de novo. Você ia embora e eu ficava deveras encantada. Era a parte que me faltava.

Hoje, decorridos alguns dias de seu reaparecimento surpresa, me sinto de novo só. Não consigo rearranjá-lo nas minhas fantasias. Você não encaixa mais na parte que eu julgava faltante em mim. Será que realmente havia ajustado noutros tempos?


Desta última visita relâmpago, enquanto você me falava, ou me observava, ou até mesmo me desejava, eu já não conseguia mais sentir a presença do homem por quem tanto sonhei e idealizei. A todo instante aquele homem me escapava. Constatei que, para você, sou como a parte que te sobra. E isto eu jamais me permitiria ser.


Não tive a sabedoria do amar. Porém sempre tive a marca do amor.


Como bem disse um alguém: “amar é dar o que não se tem”.


Portanto será que somos dois amantes cuja aproximação provoca o esfacelamento dos sonhos?
Teremos de nos manter numa boa distância para a sobrevivência de nós?


Mesmo assim te desejo mais um feliz aniversário. Muita paz. Muito trabalho.


E tenha a certeza que te amarei por toda a eternidade.


                                      Sua amada

Em 09/05/2018


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