domingo, 12 de abril de 2020

A comunista vai para Cuba








Já que me mandaram ir para Cuba resolvi pegar meu casaco de pele de largatixa e me mandar. Afinal é época do degelo e naquelas savanas a temperatura é de rachar os calcanhares. 

Meu desejo mesmo é ir direto para sua capital, a lindíssima Cidade do Cabo, onde as cores verde, amarelo e preto brilham e dançam ao som das polcas.

Recomendaram-me não deixar de visitar suas imensas muralhas mas deverei ter muio cuidado com os tigres de Bengala e os cangurus que saltitam por lá.

Obviamente não deixarei de visitar a Praça Vermelha, nem o maior prédio de parlamento do mundo, o Parlamento Húngaro.

Mas, meu amor me disse que estará na cidade de Cascavel que fica logo ali, bem pertinho das cataratas do Iguaçu, e que eu devo pegar um trem-bala e ir me encontrar com ele. Entretanto tenho medo dos ursos polares que podem aparecer por lá caso tenham sede. Arriscarei, apesar do meu medo. Para ver meu amor, atravesso até o tal estreito do Pacífico com seus (até) sessenta quilometros de profundidade e suas águas azul marinho.

Será que terei tempo para comprar os tamanquinhos holandeses no Covent Garden de Londres. Com as fortes proteções dos guardas do exército devo me sentir segura embora me alertassem que neste tal jardim/garden tem as terríveis surucucus e as jaguatiricas e que, portanto todo cuidado é pouco. Juro que tentarei chegar perto. Mas minha amiga terá mesmo que andar de havaianas, nada de tamanquinhos holandeses.

Bem, ontem comecei a arrumar minha mala com bastante roupas de frio. Dizem que tem lá um tal de Caribe e que pode até fazer um pouco de calor, mas não quero fazer feio nem sentir frio quando for esquiar no Vale Nevado. 

Como tenho muitos amigos escritores, darei um pulo em Berlim e trarei  livros das famosas livrarias de Fernando Pessoa. 

Nos Champs Elysees passearei com meu amor, inebriados com os perfumes das vanilas canadenses e das cerejeiras argentinas.

Beberemos uma puríssima vodka da Indonésia e comeremos os deliciosos pasteis de Belém. 

Obviamente faremos amor sob as estrelas, ao som das ondas do Havai, cheirando a maresia do haxixe e convivendo com o despudor dos índios da Amazônia.

Porém, como não sou afeita a brincadeiras, a seguir acordaremos debaixo das redes no nordeste do Brasil gritando:

 "#ele não".

Mais alguém quer ir comigo?

OBSERVAÇÃO: Este é mais um texto proposto na Oficina de Escrita como exemplo de escrita DADAISTA ou NONSENSE.

Foto 1 -  Teatro Isabelino - Londres - construído em 1589 onde foi encenada a peça "Romeu e Julieta"

Foto 2 - Café Havana - Haia -  Bélgica

(Fotografias feitas por mim quando da minha primeira viagem a Europa em 2018)

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