(Delicadezas em Tempos de Coronavírus - LIV)
O Carcará
Lá estava ele. Pomposo. Equilibrando na estaca da cerca. Seus olhos de águia e seu faro de cão não perderiam a suposta presa.
- “Vejam lá o carcará! Ele é muito bonito”. Assim gritou o homem que o mostrava ao filho pequeno.
Grande e imponente carcará – pensou sem dizê-lo ao menino.
- “Ele está procurando sua namorada”. Respondeu o menino.
E o carcará, sem dar bolas para pai e filho, voou pela campina seca do inverno. Com certeza encontrou uma apetitosa presa. Um rato. Um preá. Um ninho cheio de filhotes de canária do campo. Sem culpa ou piedade o carcará devorará a todos que cruzar seu olhar.
Assim são os predadores, sejam eles animais irracionais ou sejam homens e mulheres à caça de outros limites sem lei. O prazer subjugando a honra e a lei.
- Pai, acho que o carcará encontrou sua namorada. Agora, vão viver felizes para sempre.
25/07/2021
(Tarde de domingo com o filho, a nora e o neto de cinco anos no Campus da UFSJ - Ouro Branco - MG)
Fotografia: "Não é um carcará, mãe" informou meu filho para minha tristeza.
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