"20 de novembro”
Há exatos trinta e seis anos nascia meu primeiro filho. O nome já escolhido desde sempre. Por acaso do destino teria o mesmo nome do pai; Francisco. Ontem, dia 19 de novembro, acordei-o do outro lado do planeta para dar-lhe meu abraço de “Feliz aniversário” uma vez que por lá já era hoje por aqui. Lembrei-lhe que, quando olhei para ele pela primeira logo após o parto, era como se estivesse me vendo. Seus olhos e todo ele era eu de novo. Desde então meu filho tem sido meu grande companheiro e amigo. Um estudioso apaixonado pelas relações humanas, políticas, internacionais e filosóficas. Para lá se foi ele com sua família em busca de novos voos e sonhos. E cá ficamos nós a celebrar este dia Nacional da Consciência Negra.
Pois bem, hoje quero falar do poeta mineiro de Santo Antônio do Itambé, Adão Ventura, que de forma tão bela nos trouxe as dores dos negros escravizados.
“Um
em negro teceram-me a pele.
enormes correntes amarram-me ao tronco de uma Nova África.
carrego comigo a sombra de longos muros tentando impedir que meus pés cheguem ao final dos caminhos.
mas o meu sangue está cada vez mais forte,
tão forte quanto as imensas pedras que os meus avós
carregaram para edificar os palácios dos reis”
Hoje também quero falar do escritor Laurentino Gomes que, em seus livros, nos conta acerca das atrocidades vividas pelo povo negro escravizado nas três Américas para enriquecer seus “donos”.
Escravidão:
(Do primeiro leilão dos cativos em Portugal até a morte do Zumbi dos Palmares – vol I)
Hoje também quero falar de Nossa Senhora do Rosário cuja história nos remete aos nativos africanos que encontraram a imagem perdida numa de suas praias desertas. Fizeram um belo altar rústico para coloca-la junto ao povo em sua aldeia. Enfeitavam-se, dançavam e cantavam em sua homenagem. Até que um dia veio a notícia de que a referida imagem pertencia a uma senhora da nobreza portuguesa que a exigiu de volta. Foi edificada uma capela riquíssima e a imagem foi entronizada dentro dela onde os religiosos colonizadores a adoravam.
Entretanto, misteriosamente, a imagem de Nossa Senhora do Rosário, seguindo os sonos dos tambores, aparecia todas as noites no altar junto aos nativos. E eles tocavam, cantavam e dançavam em volta dela que sorria junto da folia.
Assim se deu o amor entre a virgem do Rosário e os negros que a tornaram sua protetora juntamente com Santa Efigênia.
E o acaso também me levou, ainda menina, a morar numa rua cuja maioria dos vizinhos eram negros, trabalhadores mineiros do manganês, em Conselheiro Lafaiete.
Eu e meu nome Maria do Rosário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário