E naquele ano o dia 28 de fevereiro caiu no dia 31 de
fevereiro, um belo sábado. Foi um dia muito esperado pois o Sr. Valete de Copas
se casaria com a sultana Leah, a dama de Espadas.
Sua majestade, o Rei de Ouro, fora convidado para ser
o padrinho do noivo e a Rainha de Paus seria a madrinha da noiva. Tudo
arranjado para aquele glorioso enlace nupcial.
Eis que num determinado momento, no dia anterior ao
casamento, deram pela falta dos pais da noiva. Procuraram por todos os cantos
do palácio e nada. Foram convocados todos os valetes por seus respectivos reis
e a ordem de "encontrem o Rei e sua Rainha de Espadas!" fora dada. Os
valetes que haviam sido embaralhados juntamente com todas as outras cartas
para uma partida de canastra tentaram, desesperadamente, sair do centro daquela
enorme mesa de jacarandá e cumprir a ordem de seus superiores.
Depois de muita confusão conseguiram desvencilhar de
seus ímpares e saíram de seus lugares. Por descuido daqueles jogadores
contumazes, pularam da mesa da dita jogatina sob os olhares incrédulos dos
profissionais das cartas.
Enquanto isto a jovem dama de espadas chorava pelos
cantos sem consolos de suas amigas que já estavam de olho naquela tragédia de
viuvice da amiga e da sobra do belo Valete, o noivo de Copas.
Já era noite quando os vaga-lumes de toda a região
vieram em socorro àquela caça ao Rei de Espada e sua digníssima senhora, a
Rainha. O Rei de Paus ofereceu todos os paus de sua equipe para uma grande
fogueira. Quem sabe assim, com muita luz, o casal seria encontrado e a festa
não deixaria de acontecer.
Já muito tarde, talvez adentrando a madrugada, os paus
acabaram, os vaga-lumes perderam as baterias e a escuridão voltou a reinar no
reino de espadas. E o desespero voltou a tomar conta do pedaço.
Alguns pensaram que o casal fugira para a África,
saudosos que estavam de sua mãe terra. Outros diziam que eles eram contra a
união de sua filha com aquele nada valente valete.
Nesta hora todas as espadas saíram para calar a boca
dos caluniosos e só se ouvia o som do metal escuro.
Mas, de repente apareceu sua majestade o Rei de Copas,
pai do noivo Valete, e informou a todos que o nobre casal fora
sequestrado numa tal cidade distante onde seus compatriotas, os quenianos,
haviam ido competir nas olimpíadas das correrias. A notícia havia chegado dois
dias depois do acontecido. Os relógios estavam fora de órbita. Fevereiro era um
mês traiçoeiro no calendário.
Foi então que o Rei de Ouros assumiu o descontrole da
população e ofereceu ouro para quem encontrasse os desditos sumidos.
Juntaram valetes, ases, damas e até o Zap, feroz nas
partidas de truco, e todos os números até dez e foram para a distante cidade do
Rio de Janeiro, num tal país chamado Brasil.
Aportaram numa belíssima praia e subiram o morro. Era
lá o cativeiro daqueles reis. Assim foram informados pela Interpol r KGB que se
juntaram naquela caçada.
Alguns foram ficando para trás. Não aguentaram a
escalada. Outros foram sendo seduzidos pela maresia que reinava em alguns becos. Mas
a grande maioria continuou até ouvirem um som jamais ouvido pelo grupo.
Tambores tocavam um ritmo contagiante. À medida que o som aumentava, aumentavam
também o número de pessoas e dançando uma dança desconhecida onde os pés acompanhavam um compasso ritmado de forma surpreendente. E todo o corpo era um só gingado.
Chegaram então no local da música. Tudo colorido e
brilhante em torno. E os olhares de todos, deles de lá e deles que chegavam, se
encontraram naqueles que eram os reis da dança. Lá estavam sua majestade, o Rei
de Espadas, com sua esposa, a esplendorosa Rainha de Espadas. Rei e Porta-bandeira.
Entraram na folia e deixaram a ver navios os noivos.
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