
Embora eu goste muito de ir ao cinema, não sou uma cinéfila. Às vezes me envergonho por não conhecer diretores, produtores, atores e por ai afora. Certamente sempre fui assistir os filmes que me foram recomendados ou fui aleatoriamente e tive a sorte de ver bons filmes. E, nos últimos tempos tenho escolhido filmes dos diretores que aprendi a admirar como Tarantino, Martin Scorsese, Spielberg, Coppola, outros e nossos Walter Salles com seu belíssimo filme “Diários de Motocicleta” e Fernando Meirelles com “O Jardineiro Fiel”
E ontem fui ao cinema com uma amiga amante da sétima arte.
Desorientada como sou, entrei no recinto a deixar cair troco, documentos, óculos e sem saber o nome do filme. Mas logo que iniciou a cena nas montanhas do Missouri me senti em casa com o belo romance de Noah Gordon, “A escolha de Dra Cole”, e da minhas montanhas de Minas Gerais. A cena inicial com uma mulher num daqueles carros americanos enormes, sem quaisquer maquiagens rejuvenescedoras, dirigindo por uma estrada entre o verde das montanhas já nos deixa atentos com o que virá.
A trama logo se faz conhecida pelo desespero da mãe em encontrar o assassino da filha. Percebendo que a polícia não estava dando a devido atenção ao caso, ela decide entrar em ação e coloca uma pequena frase em cada um dos três outdoors encontrados na estrada por onde ela circulava.
O resultado de seu ato logo vai sendo sentindo pela população da pacata cidade e é exatamente esta “mexida” nas pessoas que torna o filme tão interessante. Um policial jovem, corpo sarado, autoritário e beligerante fica ainda mais cruel em suas atitudes quando a mãe procura a polícia exigindo apuração e punição devida para o criminoso que abusou do corpo da filha mesmo após estar sem vida e totalmente queimado.
O ex marido vai até a casa onde vivem sua ex esposa e o filho adolescente acompanhado da nova namorada, de vinte anos, e culpa a mãe pelo crime. De forma muito hostil faz-lhe lembrar a truculência com a qual tratava a filha. O filho, que sempre assistia tais agressões entre os pais e entre a mãe e a irmã, fica perplexo e se isola no seu quarto como sempre fez. É visível sua solidão e desamparo.
O responsável pelas investigações e diretor de polícia está com câncer e tenta, ainda, ser um policial respeitado e sensato.
A não desistência da mãe para encontrar e fazer justiça em nome da filha a coloca em situações perigosas. Ela arrisca sua própria vida para tentar salvar sua filha já morta.
A trama vai se desenrolando nesta procura incansável por aquele que matou e abusou da filha adolescente.
Em dado momento surgem atitudes inesperadas e surpreendentes. Cartas são enviadas e fazem as pessoas mudarem seus tons agressivos sem se darem conta do que está havendo.
O policial bonitinho, galã e hostil após ler a carta que lhe foi enviada percebe o lugar de onde viera e muda o rumo de suas destemperanças. Mas não sem muito sofrimento.
A mãe também recebe uma das cartas. Ela respira fundo e consegue esboçar um sorriso de alívio.
Angústia, culpa, tristeza, ódio, inibição, desespero e tantos outros, são os sentimentos que enlaçam os personagens durante quase duas horas de um belo filme. E estes são os sentimentos que o diretor conseguiu que atravessassem a tela e viesse até nós.
Agradeço a amiga que me arrebanhou a pé até o cinema.
Concluo relatando que apenas na saída fui conferir no cartaz o nome do filme que acabara de ver: “Três anúncios para um crime”.
E nesta noite de Oscar o referido filme concorre em sete categorias. Lamentando não ter visto outros concorrentes, votei neste. E fiquei conhecendo mais um diretor que acompanharei: Martin McDonagh.
Agora é só esperar.
04/03/2018
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