Eis meu eu enlaçado, amordaçado, quieto e nômade.
Minhas asas foram quebradas. Meu sorriso feneceu. Minhas palavras acabaram. Estou desenredada da vida. Raspei as sobras de um amor que não vingou. Só restou nada...
A leveza me ficou mais pesada. O vazio encheu-se de dores novas. Comandante da minha vida tornei-me grumete de um navio à deriva.
A seguir um som da minha infância chegou aos meus ouvidos parcos deles. Uma flauta doce. Mais adiante o piar de um pássaro. Acolá os gemidos dos minérios de ferro sobre os trilhos da minha Central do Brasil. Aqui o silêncio do desfazer dos nós.
Então abri meus braços, enchi meu peito de ar, gritei uma palavra e tomei rumo.
Um novo mundo acordou dentro de mim.
27/12/2022
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