terça-feira, 29 de setembro de 2015

VIAGENS POR SÃO PAULO - FINAL



                         
                       FINAL DO TERCEIRO DIA




   Ao sairmos daquele espaço que ocupava mais de um quarteirão, perguntamos ao porteiro onde poderíamos pegar um táxi ou um ônibus que nos levasse até o Museu do Catavento, outro local que gostaria de conhecer por sugestão da minha cunhada metade mineira - metade paulista, moradora na bicentenária cidade de Itapetininga (SP).

   -" é só virar a primeira a direita e seguir reto até o final. Lá tem um ponto de ônibus e é só perguntar se eles passam na antiga prefeitura."

   E ele nos explicou que o tal museu funcionava na antigo prédio da prefeitura de São Paulo. E lá vamos nós para nossa próxima visita. Seguimos reto, sem sair do passeio e viramos à direita. Eis que neste mesmo passeio, rodeando o Museu da Imigração, deparamos com vários homens deitados de barriga para cima e com os braços estendidos ao lado ou sobre a barriga,as pernas esticadas e cruzadas. Parecia que aguardavam por algo. Estavam limpos, com bolsas ao lado, alguns jovens, outros mais velhos, mas todos na mesma posição. Não havia uma só mulher. 

   Mais à frente havia uma rua à esquerda onde, na esquina, três homens negros conversavam entre si e com  uma jovem, também negra. Pareciam irmãos. Só então entendi tratar-se de imigrantes, moradores de rua , doentes mentais e os quatro da esquina seriam haitianos ou africanos. Naquele lado da gigantesca construção ainda funcionava um espaço para acolher pessoas em condições de vida sociais vulneráveis.  

   No ônibus ainda fiquei com meus olhos diante daqueles homens e quis saber quantos havia ali. Fazendo uma regra de 3 simples, calculei que: para cada dois metros encontravam-se cinco homens deitados. Eles ocupavam cerca de 50 m dos 200 m que havia nas laterais do quarteirão. Logo, deviam haver em torno de 125 homens deitados e nos vendo caminhar numa direção desconhecida.

   Chegamos numa praça que mais parecia uma cidade abandonada. Mas logo vimos os jardins externos ao belíssimo prédio do Museu do Catavento. Lá dentro viajamos pelo tempo e pelos espaços cósmicos. Vimos os planetas, as galaxias, as formações estelares e centenas de outras coisas. Tratá-se de um museu interativo, cultural e educacional, dividido em quatro espaços: universo, vida, engenho e sociedade, com 250 instalações.

   Na verdade o prédio em estilo italiano, eclético, fora construído de 1911 a 1924 para abrigar o Palácio das Industrias que, depois de desativado, deu abrigo à prefeitura municipal de São Paulo até 2004.

  Bêbada de cultura. Alegre por ver o Catavento lotado de crianças com seus pais. E perplexa com a frase na parede:

   "Há mais estrelas no espaço do que a soma dos grãos de areia de todos os desertos e praias da terra, algo em torno de 70.000.000.000.000.000.000.........."

   Saí dali com a certeza de que, sendo assim como dizem os físicos e astrônomos, eu devo ter uma estrela no céu. Somente minha.

   Nesse momento, sentadas nos bancos externos ao museu e tiritando de frio, tentávamos ver por onde ficava o Mercado Municipal. Logo chegou meu irmão e minha referida cunhada, que viajaram para me darem a honra de tê-los ao meu lado por algumas horas. Estávamos nos comunicando desde cedo. Dissemos a eles que queríamos ir ao Mercado e ele com seu jeito mineiro: 

- "olha ele ali`"

  Olhamos em direção ao local indicado e lá estava ele. Do outro lado daquele Parque Dom Pedro, onde se localiza o Catavento.

  Comprei queijo árabe e pães sírios. Aguardamos a fila do famoso pão com salame e os tais pasteis gigantes.

  Seguimos para Tatuapé, em casa de amigos. Assisti o jogo do Corinthians, entre corintianos e, obviamente, torcendo contra. Afinal sou atleticana.

   E meu querido irmão nos levou de volta ao distante Brooklin. Dormi em berço esplêndido.

   Amanhã será o encerramento deste nosso Encontro.



                               QUARTO DIA



   Naquela manhã aconteceriam os trabalhos e conferências mais importantes, sem intervalos para lanches ou almoço. E para lá fomos nós duas. Chuva e frio.

    Não quero deixar de falar da conferência, Imagens Sonoras, proferida por um jovem diretor de orquestras de São Paulo que nos brindou com os sons e a frase "O Espelho deveria refletir melhor antes de devolver nossas imagens".

  Saímos às quatro horas com os estômagos na boca e por ali mesmo resolvemos almoçar. Esqueci que ali era o World Trade Center. Pedi uma massa verde com molho de tomates; afinal era um restaurante italiano. Um vinho tinto para acompanhar, com buschettas e alguns pedacinhos de queijo. O adiantado das horas impossibilitou a ida ao teatro Renaissance, com a peça " Loucas por Eles", indicada por outro amigo de BH.

   Assim que cheguei ao hotel arrumei minha mala e fui para a cama. Não sei se foram os tomates com seu molho ácido ou se fora a acidez da conta daquele almoço. Não consegui sair da cama.O estômago dava voltas e revoltas. Nosso vôo de volta seria muito cedo no próximo dia.


                                          
                     QUINTO E ÚLTIMO DIA

  
   Dentro do táxi ia me despedindo de São Paulo, lamentei não ter conseguido ir a nenhum dos quase 50 restaurantes especializados em comida mineira dos "meninos de Senador Firmino", pequena cidade que faz limite com minha querida Brás Pires, na Zona da Mata Mineira. Havia levado na minha carteira os endereços de oito deles. Prometo aos meus vizinhos mineiros que jantarei em algum deles da próxima vezE prometo também que irei ver meu primo e amigo de infãncia, Waguinho, profundo conhecedor na arte de supervisionar garçons em hotéis daquela megalópole.
   
   E da janelinha do avião eu ia vendo e rindo dos quero-quero disputando a pista de decolagem com aquelas desengonçadas e barulhentas aves de metais. Os pássaros faziam lindas coreografias com suas asas e seus vôos rasantes. 

   - "esse trem avoador é muito danoso", pensava eu.

   Cheguei na rodoviária de Belo Horizonte, onde minha filha, demorara para me apanhar porque era 7 de Setembro e o trânsito estava cheio de desvios.

   Bem, em casa estava eu novamente. 

   No próximo ano, 2016, haverá o X Congresso da Associação Mundial de Psicanálise na cidade do Rio de Janeiro com o tema "O Corpo Falante - Sobre o Inconsciente no Século XXI"

  16/09/2015






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