Da janela da minha infância
Na noite longa de outono
Fecho os olhos
Escuto os guizos
dos meus sonhos
e vejo as Marias
Maria do Sô Antônio
Ela barriga d’água
Ele de passos incertos
Lá vai ele
Maria do Sô João
Nem vejo
Mas escuto a voz
-Varre essa casa menina!
Maria do Sô Pedro
Andar ligeiro
mais um filho na barriga
Maria do Sô Sebastião
Conversa com a Carolina:
Dá a bênção minha mãe
Maria cheia da alegria
era só poesia
Maria da frente
dos mamões de corda
e do jardim de rosas
Maria das palavras
E dos “filhos meus”
Maria da janela
Nem me vê
Olhando prá ela.
Maria minha mãe
Levanta dai
e me beija.
26/03/2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário