quinta-feira, 26 de março de 2020

Marias da Minha Rua

(Delicadezas em tempos de Coronavírus - VI)
   
                 


Da janela da minha infância 

   em noite longa de outono

   fecho os olhos

   escuto os guizos

   dos meus sonhos

   e vejo as Marias

   
Maria do Sô Antônio

   Ela barriga d’água

   Ele de passos incertos

   Lá vai ele

   
Maria do Sô João

   Nem vejo

   Mas escuto a voz

  -Varre essa casa menina!

   
Maria do Sô Pedro

   Andar ligeiro

   mais um filho na barriga

   
Maria do Sô Sebastião

   Conversa com a Carolina:

   Dá a bênção minha mãe

  
 Maria cheia da alegria

   era só poesia 

  
  
Maria da frente

   dos mamões de corda

   e do jardim de rosas

   
Maria das palavras

   E dos “filhos meus”

  
Maria da janela

   Nem me vê

   Olhando prá ela.

   
Maria minha mãe

   Levanta dai

   e me beija.


26/03/2020

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